Sistema Eletrônico de Administração de Conferências, I CONGRESSO INTERDISCIPLINAR DE CARDIOLOGIA DA ZONA DA MATA MINEIRA 2025

Tamanho da fonte: 
ANGINA VASOESPÁSTICA (ANGINA DE PRINZMETAL): UMA REVISÃO DE LITERATURA
Fábio Peres Abritta, Raphaela Aparecida Gonçalves dos Santos, Vitor Coutinho Andrade

Última alteração: 2025-04-30

Resumo


Introdução: A angina vasoespástica (AV), também conhecida como angina de Prinzmetal, é uma forma de síndrome isquêmica miocárdica causada por espasmo transitório das artérias coronárias, levando à redução súbita e reversível do fluxo sanguíneo. Ao contrário da angina estável, geralmente não é precipitada por esforço físico, mas ocorre em repouso, especialmente durante a madrugada. Apesar de menos frequente, é potencialmente grave, podendo evoluir para arritmias ventriculares e morte súbita1,2. O reconhecimento precoce de suas manifestações clínicas e eletrocardiográficas é essencial para o diagnóstico e manejo eficazes, prevenindo complicações cardiovasculares importantes1,2,3. Objetivo: Revisar a literatura disponível sobre a angina vasoespástica, abordando suas manifestações clínicas, fatores de risco, mecanismos fisiopatológicos, métodos diagnósticos e opções terapêuticas, com o intuito de ampliar o conhecimento sobre essa condição ainda subdiagnosticada. Metodologia: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura por meio da análise de artigos científicos disponíveis em bases como PubMed, SciELO. Foram incluídos artigos publicados com ênfase em estudos que abordassem fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da angina de Prinzmetal. Resultados e Discussão: A angina de Prinzmetal é precipitada por contração anormal da musculatura lisa coronariana, podendo ocorrer em artérias coronárias sem lesões ou com placas ateroscleróticas. Embora sua etiologia não seja completamente elucidada, os principais mecanismos associados incluem disfunção endotelial, hiperatividade do sistema nervoso simpático, liberação de substâncias vasoconstritoras e sensibilidade aumentada dos receptores alfa-adrenérgicos3. Afeta predominantemente homens entre a terceira e quinta décadas de vida, com maior prevalência em populações asiáticas. Fatores de risco incluem tabagismo, uso de cocaína, agentes vasoconstritores, estresse emocional, alterações hormonais e hipotermia2,3,4. Clinicamente, manifesta-se por dor torácica intensa, geralmente em repouso, acompanhada por sintomas autonômicos como sudorese, náuseas e palpitações. A elevação transitória do segmento ST no ECG durante a crise é um achado clássico, com reversão após uso de nitratos. Testes provocativos com ergonovina ou acetilcolina durante angiografia coronariana podem confirmar o diagnóstico. Holter de 24 horas também pode ser útil na detecção de alterações eletrocardiográficas correlacionadas aos sintomas1,4,5. O tratamento visa prevenir novos episódios e controlar sintomas. A nitroglicerina é eficaz no alívio imediato das crises, enquanto os nitratos de longa ação e bloqueadores dos canais de cálcio são utilizados para prevenção. Betabloqueadores devem ser evitados por risco de exacerbação dos espasmos. A prazosina tem mostrado benefício em casos selecionados. Fármacos como nicorandil e ranolazina podem ser considerados em casos refratários, e a revascularização cirúrgica é indicada quando há lesões obstrutivas fixas e proximais3,5,6. Apesar do bom prognóstico na maioria dos casos, pacientes com crises recorrentes ou arritmias ventriculares demandam acompanhamento rigoroso2,3,5. Conclusão: A angina de Prinzmetal é uma condição potencialmente grave e ainda pouco reconhecida na prática clínica. Seu diagnóstico requer alto grau de suspeição, especialmente em pacientes jovens com dor torácica em repouso e alterações transitórias no ECG. O tratamento adequado e o controle rigoroso dos fatores de risco são fundamentais para prevenir complicações graves e garantir melhor qualidade de vida e sobrevida aos pacientes.

 

Palavras-Chave: Angina vasoespástica; Angina de Prinzmetal; Espasmo coronariano; Isquemia miocárdica; Supra de segmento ST.

 

REFERÊNCIAS

1- DE LUNA, A. B. et al. Prinzmetal angina: ECG changes and clinical considerations: a consensus paper: Prinzmetal angina. Annals of noninvasive electrocardiology: the official journal of the International Society for Holter and Noninvasive Electrocardiology, Inc, v. 19, n. 5, p. 442–453, 2014.

2- ALLAIRE, B. I.; SCHROEDER, J. S. Prinzmetal’s angina Clinical and anatomic aspects. The Western journal of medicine, v. 122, n. 3, p. 187–193, 1975.

3- ZUNIGA, E. C. et al. Angina de Prinzmetal: relato de caso. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 93 (2), p. e30–e32, 2009.

4- TALARICO, G. P. et al. Cocaine and coronary artery diseases: a systematic review of the literature. Journal of cardiovascular medicine (Hagerstown, Md.), v. 18, n. 5, p. 291–294, 2017.

5- AGUILERA, M. C. et al. Asymptomatic coronary spasm due to polytraumatism. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 109, n. 2, p. 175–177, 2017.

6- CESAR, L. A. M. et al. Diretrizes de doença coronariana crônica: angina estável. Sociedade brasileira de cardiologia, v. 83, p. 24, 2004.