O presente trabalho foi desenvolvido para a disciplina de Psicologia da Personalidade, com intuído de fazer uma revisão de literatura sobre o autor Wilhelm Reich e sua teoria do Orgone. Wilhelm Reich, outrora um dos estudantes favoritos de Sigmund Freud – Fundador da Teoria Psicanalítica, foi um médico psicanalista amplamente criticado por suas ideias que, de certa forma, giravam um vórtice em diversos tabus da sociedade de seu tempo. Reich, insatisfeito com a ausência de uma “cura” através da prática da psicanálise de Freud, rompeu com suas ideias e desenvolveu suas próprias, cuja mais marcante e impactante foi a teoria científica da Orgonomia, que é a ciência que estuda a natureza da energia orgone, energia da vida. Ela é uma extensão da teoria da libido de Freud, porém muito mais aprofundada e trabalhada de forma completamente diferente no meio clínico. Enquanto Freud tratava seus pacientes através de induções ao inconsciente, sem contato físico expressivo, Reich focava tanto no físico quanto no psicológico. O tratamento proposto por Reich, se baseava na chamada análise de caráter: palavras poderiam ser enganosas, mas o corpo não. Ele acreditava que a inibição e frustração psicológica leva à criação de uma “armadura”, uma defesa que se torna natural do corpo, como contra-ataques emocionais. Essa armadura é moldada desde muito cedo, ainda quando criança, quando se interage com o meio e bloqueios são encontrados., o tratamento só seria possível e funcional após a quebra dessa armadura, dessa forma, o indivíduo manifestaria suas reais emoções e desejos, o centro de toda a neurose. Após Reich perceber a visível melhora em pacientes que conseguiam alcançar a satisfação sexual, e constatar que os sintomas não retornavam enquanto essa potência sexual e satisfação persistissem, foi elaborada a Teoria do Orgasmo. Ele defende que, até 1923, apenas a potência eretiva e a ejaculação eram conhecidas sem a inclusão de outro aspecto da economia sexual, que é o modo de regulação biológica (sexual) em toda pessoa emocionalmente madura. Qualquer um que fosse capaz de fazer sexo era considerado sexualmente poderoso. Reich alega haver uma diferença entre o que ele descreve como potência orgástica e sexual e o conceito predominante de potência sexual. Potência ejaculativa e eretiva são requisitos imprescindíveis para a potência orgástica, mas elas sozinhas não são o suficiente, visto que a potência orgástica é a capacidade de entregar-se ao fluxo de energia biológica, sem qualquer inibição ou fantasias. Reich acredita que o indivíduo alcança a potência orgástica quando descarrega integralmente a excitação e a energia sexual represadas através de convulsões prazerosas e involuntárias. Ele foi muito criticado por suas ideias sobre sexualidade, e tratado como estranho pelos próprios colegas psicanalistas, inclusive o próprio Freud, mas isso não o desencorajou: ele continuou a pensar na Teoria da Orgonomia e produzir aparelhos que de certa forma captavam a energia orgônica, um dos mais famosos é a “Caixa orgônica”, um dispositivo que tem o formato de uma grande caixa, de madeira por fora, e metal por dentro. Por conta de suas invenções e testes, passou a ser perseguido e cada vez mais abominado, em 1957 foi preso, seus livros foram queimados e toda a opinião pública voltada contra ele. Morreu, sozinho e sem renome, no mesmo ano. Algum tempo depois, com o avanço da sociedade em relação à aceitação sexual, a revolução ofertada por métodos contraceptivos, geraram também um grande interesse voltado para as obras de Reich. Até os adias de hoje, existem correntes reichianas que propagam os valores de sua obra e as ideias sobre a energia primariamente chamada Orgone. Contudo, até mesmo no século atual, ainda existem diversos tabus, e a sua verdadeira utopia está cada vez mais distante de ser alcançada. Reich dedicou sua vida a tentar promover o conhecimento sobre a energia orgônica e promover o bem-estar de seus pacientes, desenvolvendo cada vez mais a teoria através de seus esforços. Talvez, de certa forma, Reich soubesse que chegaríamos a um ponto em que fantasias nos seriam vendidas a preços caríssimos, e ainda assim compraríamos, que bloqueios absurdos nos seriam impostos e ainda assim nos submeteríamos, e sem o conhecimento da energia que nos compõe, nos adoeceríamos, nos tornaríamos corruptos, alienadas, isso que somos hoje.