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A busca da cidadania: Relato de experiência do grupo com sujeitos no cumprimento de penas restritivas de direito.
Última alteração: 2017-09-19
Resumo
Introdução: Favorecer o acesso a direitos e a promoção de condições de inclusão é atualmente um dos maiores desafios do sistema prisional. Diante dessa dificuldade, foi realizado, em parceria entre o curso de Psicologia da FAGOC e a Vara de Execuções Penais do município de Ubá, Minas Gerais, o projeto de atendimento grupal aos internos do Presídio de Ubá. Objetivo: O presente estudo busca descrever o trabalho realizado no desenvolvimento de grupos com detentos do presídio de Ubá- MG visando o debate sobre criminalidade e cidadania. Método: Trata-se de uma pesquisa básica, de abordagem qualitativa e objetivos exploratórios realizada através do relato de experiência dos facilitadores do Grupo realizado com sujeitos no cumprimento de pena restritiva de liberdade. Resultados: O grupo buscou debater sobre a percepção dos participantes em relação a vulnerabilidades pessoais e sociais que possam favorecer o comportamento de risco e a reincidência criminal, bem como, a identificação dos fatores de proteção à não reincidência criminal. Para tal, foi proposta a realização da dinâmica intitulada “Partida da Vida”. A dinâmica consiste na identificação/escalação por parte dos participantes, de aspectos que jogaram a favor do encarceramento dos participantes, bem como dos fatores que podem servir como auxilio para evitar o novo encarceramento. Esses fatores deveriam ser escalados como um time de futebol. No time dos fatores que jogaram a favor do seu encarceramento, foram escalados: Conflitos, vícios, curiosidade, adrenalina, drogas, orgulho, escolhas erradas, querer ter e não ter condições, má influência, falta de dinheiro, falta de educação, políticas não efetivas. Já no time dos fatores que jogam a favor deles, ou seja, contra a reincidência criminal e o encarceramento, foram escalados, em comum acordo pelos participantes, a família, Deus e atitude como atacantes, ou seja, na linha de frente. No meio de campo foi escalada a força de vontade, trabalho formal, coragem. Na última linha do time entraram objetivos, humildade, boas escolhas, superação amor próprio e sentimentos bons. No banco de reservas desse jogo, os integrantes deixaram a felicidade e a confiança, tendo em vista o entendimento dos participantes de que esses dois fatores ainda não podem estar em campo diante do contexto atual de aprisionamento que vivem. No lado dos fatores que jogam a favor dos participantes e contra a reincidência criminal a organização do time apresentado chamou atenção pela escalação de fatores que remetem a características pessoais. Aparece de forma muito tímida a identificação de políticas/dispositivos públicos os quais podem atuar como fator de proteção a não reincidência, como, por exemplo, assistência social e saúde. Ainda é preciso ressaltar os limites do trabalho relatado, tendo em vista, a lógica perversa do sistema prisional que busca o rompimento de vínculos e a exclusão social. A ampliação de acesso a direitos e a promoção de condições de inclusão (que podem ser entendidos como atores que jogariam no time contra a reincidência criminal e novos encarceramentos) não será realizada através da criminalização e a exclusão, típicas desse sistema.Introdução: Favorecer o acesso a direitos e a promoção de condições de inclusão é atualmente um dos maiores desafios do sistema prisional. Diante dessa dificuldade, foi realizado, em parceria entre o curso de Psicologia da FAGOC e a Vara de Execuções Penais do município de Ubá, Minas Gerais, o projeto de atendimento grupal aos internos do Presídio de Ubá. Objetivo: O presente estudo busca descrever o trabalho realizado no desenvolvimento de grupos com detentos do presídio de Ubá- MG visando o debate sobre criminalidade e cidadania. Método: Trata-se de uma pesquisa básica, de abordagem qualitativa e objetivos exploratórios realizada através do relato de experiência dos facilitadores do Grupo realizado com sujeitos no cumprimento de pena restritiva de liberdade. Resultados: O grupo buscou debater sobre a percepção dos participantes em relação a vulnerabilidades pessoais e sociais que possam favorecer o comportamento de risco e a reincidência criminal, bem como, a identificação dos fatores de proteção à não reincidência criminal. Para tal, foi proposta a realização da dinâmica intitulada “Partida da Vida”. A dinâmica consiste na identificação/escalação por parte dos participantes, de aspectos que jogaram a favor do encarceramento dos participantes, bem como dos fatores que podem servir como auxilio para evitar o novo encarceramento. Esses fatores deveriam ser escalados como um time de futebol. No time dos fatores que jogaram a favor do seu encarceramento, foram escalados: Conflitos, vícios, curiosidade, adrenalina, drogas, orgulho, escolhas erradas, querer ter e não ter condições, má influência, falta de dinheiro, falta de educação, políticas não efetivas. Já no time dos fatores que jogam a favor deles, ou seja, contra a reincidência criminal e o encarceramento, foram escalados, em comum acordo pelos participantes, a família, Deus e atitude como atacantes, ou seja, na linha de frente. No meio de campo foi escalada a força de vontade, trabalho formal, coragem. Na última linha do time entraram objetivos, humildade, boas escolhas, superação amor próprio e sentimentos bons. No banco de reservas desse jogo, os integrantes deixaram a felicidade e a confiança, tendo em vista o entendimento dos participantes de que esses dois fatores ainda não podem estar em campo diante do contexto atual de aprisionamento que vivem. No lado dos fatores que jogam a favor dos participantes e contra a reincidência criminal a organização do time apresentado chamou atenção pela escalação de fatores que remetem a características pessoais. Aparece de forma muito tímida a identificação de políticas/dispositivos públicos os quais podem atuar como fator de proteção a não reincidência, como, por exemplo, assistência social e saúde. Ainda é preciso ressaltar os limites do trabalho relatado, tendo em vista, a lógica perversa do sistema prisional que busca o rompimento de vínculos e a exclusão social. A ampliação de acesso a direitos e a promoção de condições de inclusão (que podem ser entendidos como atores que jogariam no time contra a reincidência criminal e novos encarceramentos) não será realizada através da criminalização e a exclusão, típicas desse sistema.
Palavras-chave
Psicologia Jurídica; sistema prisional; cidadania