Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol II (2017)

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A busca da cidadania: Relato de experiência do grupo com sujeitos no cumprimento de penas restritivas de direito.
Bruno Feital Barbosa Motta, Aline Joice Ribeiro, Ana Lúcia Oliveira Costa, Ana Amélia de Souza Pereira

Última alteração: 2017-09-19

Resumo


Introdução: Favorecer o acesso a direitos e a promoção de condições de inclusão é atualmente um dos maiores desafios do sistema prisional. Diante dessa dificuldade, foi realizado, em parceria entre o curso de Psicologia da FAGOC e a Vara de Execuções Penais do município de Ubá, Minas Gerais, o projeto de atendimento grupal aos internos do Presídio de Ubá. Objetivo: O presente estudo busca descrever o trabalho realizado no desenvolvimento de grupos com detentos do presídio de Ubá- MG visando o debate sobre criminalidade e cidadania. Método: Trata-se de uma pesquisa básica, de abordagem qualitativa e objetivos exploratórios realizada através do relato de experiência dos facilitadores do Grupo realizado com sujeitos no cumprimento de pena restritiva de liberdade. Resultados: O grupo buscou debater sobre a percepção dos participantes em relação a vulnerabilidades pessoais e sociais que possam favorecer o comportamento de risco e a reincidência criminal, bem como, a identificação dos fatores de proteção à não reincidência criminal. Para tal, foi proposta a realização da dinâmica intitulada “Partida da Vida”. A dinâmica consiste na identificação/escalação por parte dos participantes, de aspectos que jogaram a favor do encarceramento dos participantes, bem como dos fatores que podem servir como auxilio para evitar o novo encarceramento. Esses fatores deveriam ser escalados como um time de futebol. No time dos fatores que jogaram a favor do seu encarceramento, foram escalados: Conflitos, vícios, curiosidade, adrenalina, drogas, orgulho, escolhas erradas, querer ter e não ter condições, má influência, falta de dinheiro, falta de educação, políticas não efetivas. Já no time dos fatores que jogam a favor deles, ou seja, contra a reincidência criminal e o encarceramento, foram escalados, em comum acordo pelos participantes, a família, Deus e atitude como atacantes, ou seja, na linha de frente. No meio de campo foi escalada a força de vontade, trabalho formal, coragem. Na última linha do time entraram objetivos, humildade, boas escolhas, superação amor próprio e sentimentos bons. No banco de reservas desse jogo, os integrantes deixaram a felicidade e a confiança, tendo em vista o entendimento dos participantes de que esses dois fatores ainda não podem estar em campo diante do contexto atual de aprisionamento que vivem. No lado dos fatores que jogam a favor dos participantes e contra a reincidência criminal a organização do time apresentado chamou atenção pela escalação de fatores que remetem a características pessoais. Aparece de forma muito tímida a identificação de políticas/dispositivos públicos os quais podem atuar como fator de proteção a não reincidência, como, por exemplo, assistência social e saúde. Ainda é preciso ressaltar os limites do trabalho relatado, tendo em vista, a lógica perversa do sistema prisional que busca o rompimento de vínculos e a exclusão social. A ampliação de acesso a direitos e a promoção de condições de inclusão (que podem ser entendidos como atores que jogariam no time contra a reincidência criminal e novos encarceramentos) não será realizada através da criminalização e a exclusão, típicas desse sistema.Introdução: Favorecer o acesso a direitos e a promoção de condições de inclusão é atualmente um dos maiores desafios do sistema prisional. Diante dessa dificuldade, foi realizado, em parceria entre o curso de Psicologia da FAGOC e a Vara de Execuções Penais do município de Ubá, Minas Gerais, o projeto de atendimento grupal aos internos do Presídio de Ubá. Objetivo: O presente estudo busca descrever o trabalho realizado no desenvolvimento de grupos com detentos do presídio de Ubá- MG visando o debate sobre criminalidade e cidadania. Método: Trata-se de uma pesquisa básica, de abordagem qualitativa e objetivos exploratórios realizada através do relato de experiência dos facilitadores do Grupo realizado com sujeitos no cumprimento de pena restritiva de liberdade. Resultados: O grupo buscou debater sobre a percepção dos participantes em relação a vulnerabilidades pessoais e sociais que possam favorecer o comportamento de risco e a reincidência criminal, bem como, a identificação dos fatores de proteção à não reincidência criminal. Para tal, foi proposta a realização da dinâmica intitulada “Partida da Vida”. A dinâmica consiste na identificação/escalação por parte dos participantes, de aspectos que jogaram a favor do encarceramento dos participantes, bem como dos fatores que podem servir como auxilio para evitar o novo encarceramento. Esses fatores deveriam ser escalados como um time de futebol. No time dos fatores que jogaram a favor do seu encarceramento, foram escalados: Conflitos, vícios, curiosidade, adrenalina, drogas, orgulho, escolhas erradas, querer ter e não ter condições, má influência, falta de dinheiro, falta de educação, políticas não efetivas. Já no time dos fatores que jogam a favor deles, ou seja, contra a reincidência criminal e o encarceramento, foram escalados, em comum acordo pelos participantes, a família, Deus e atitude como atacantes, ou seja, na linha de frente. No meio de campo foi escalada a força de vontade, trabalho formal, coragem. Na última linha do time entraram objetivos, humildade, boas escolhas, superação amor próprio e sentimentos bons. No banco de reservas desse jogo, os integrantes deixaram a felicidade e a confiança, tendo em vista o entendimento dos participantes de que esses dois fatores ainda não podem estar em campo diante do contexto atual de aprisionamento que vivem. No lado dos fatores que jogam a favor dos participantes e contra a reincidência criminal a organização do time apresentado chamou atenção pela escalação de fatores que remetem a características pessoais. Aparece de forma muito tímida a identificação de políticas/dispositivos públicos os quais podem atuar como fator de proteção a não reincidência, como, por exemplo, assistência social e saúde. Ainda é preciso ressaltar os limites do trabalho relatado, tendo em vista, a lógica perversa do sistema prisional que busca o rompimento de vínculos e a exclusão social. A ampliação de acesso a direitos e a promoção de condições de inclusão (que podem ser entendidos como atores que jogariam no time contra a reincidência criminal e novos encarceramentos) não será realizada através da criminalização e a exclusão, típicas desse sistema.

Palavras-chave


Psicologia Jurídica; sistema prisional; cidadania