Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol II (2017)

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O abandono e os reflexos na construção do sujeito
Odirlei Costa dos Santos, Romário Machado Ferreira

Última alteração: 2017-08-30

Resumo


Introdução: O presente trabalho busca apresentar um estudo sobre o abandono, realizado no 1° período de Psicologia com apoio da disciplina Filosofia, cujo objetivo é relatar as experiências advindas deste processo e sua contribuição para a construção da identidade. Metodologia: Sobre o método, trata-se de uma pesquisa de campo, a qual se fundamenta na aplicação de um questionário semiestruturado. A população pesquisada foi composta por três pessoas que vivenciaram o abandono em sua infância. Resultado: Os resultados desta experiência demostraram que os sujeitos pesquisados sofrem com as atividades decorrentes dos relacionamentos interpessoais. Isso devido a discursos negativos contra si mesmos, como “eu não consigo, ninguém gosta de mim, sou sozinha, incapaz.” Tais discursos foram recorrentes no ato da entrevista. Discussão: Dentro deste cenário, percebe-se que os conceitos filosóficos apresentados em sala, aliados ao entendimento da teoria cognitiva comportamental, contribuíram de forma significativa para o entendimento do caso. Um dos conceitos apresentados foi o da “caixa-preta”, simbolização que remete às caixas-pretas de avião que funcionam como sistemas de registro de voz e dados, e que no caso da Filosofia se referem ao Eu do sujeito, algo totalmente subjetivo e que pode ser apenas acessado por ele. O simbolismo de uma "caixa-preta", objeto de antemão indecrifrável, tem relação com o conceito de  subjetividade para a Filosofia, como "aquilo que é pessoal, individual, que pertence ao sujeito e apenas a ele, sendo portanto, em última análise, inacessível a outrem e incomunicável." (JAPIASSÚ, Hilton). No ato da entrevista, observamos um sujeito a princípio satisfeito e bem disposto, que demostrava um certo bem-estar consigo. Ao estabelecer contato com o psicólogo, sua "caixa-preta" passa aos poucos por um processo de desvelamento devido à boa relação construída entre profissional e paciente. A boa disposição aos poucos começa a se desconstruir quando o sujeito expõe seu processo de abandono. Mediante aos casos apresentados, percebe-se que o sujeito necessita de um apoio psicológico para lidar com suas crenças. Um teórico de suma importância neste processo é Airon Back, fundador da terapia cognitiva comportamental, tendo como uma de suas propostas distorcer as crenças de desamparo, desamor, desvalor e promover no sujeito um autoconceito positivo sobre seu Eu. Conclusão: Podemos inferir, portanto, que o terapeuta é um dos profissionais da área de saúde capazes de iniciar o processo de desvelamento desta “caixa-preta” do sujeito, proporcionando aos entrevistados uma nova visão de si, do outro e do futuro. Além disso, promove o cuidado contínuo com a saúde mental, previnindo danos emocionais futuros.


Palavras-chave


Filosofia, Sujeito, Psicologia.