Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol I (2016)

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Mecanismos fisiopatológicos, diagnóstico e tratamento da alergia ao amendoim
Matheus Costa Cabral, Mariana Almeida Giffoni, Rodrigo Barros Freitas

Última alteração: 2016-10-01

Resumo


INTRODUÇÃO: O amendoim, Arachis hypogaea, consiste em um alimento frequentemente envolvido em reações imunopatologicas com manifestações alérgicas em indivíduos sensibilizados ao mesmo. O amendoim é uma leguminosa da família Fabaceae, natural da América do Sul. Sua forma de consumo é bastante diversificada e apresenta grande relevância econômica, assim, está cada vez mais presente na mesa dos brasileiros.  O consumo do alérgeno por pessoas sensibilizadas a este, resulta, geralmente, em reações anafiláticas, onde casos fatais já foram relatados, caracterizando uma das causas mais comuns de morte por alergia alimentar. OBJETIVO: O objetivo do presente estudo é realizar uma revisão literária para uma maior compreensão dos mecanismos imunológicos que medeiam a alergia ao amendoim e, embasado nos mecanismos fisiopatológicos, fazer uma descrição sucinta e atualizada das técnicas de diagnóstico, tratamento e demais características de relevância clínica. METODOLOGIA: O estudo trata-se de uma revisão de literatura na qual as fontes Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e BVS (Biblioteca Virtual de Saúde) foram utilizadas, filtrando artigos disponíveis, em português ou inglês e artigos publicados entre 2010 e 2015. Os descritores utilizados foram: alergia alimentar, alergia ao amendoim e amendoim. Foram obtidos 3728 artigos e desses 9 foram selecionados. Os critérios de seleção escolhidos foram artigos que contemplavam casos em humanos, enfocando os aspectos etiológicos, patogênicos, diagnósticos, terapêuticos e profiláticos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A alergia ao amendoim é tipicamente mediada por imunoglobulina E, e os principais epítopos que desencadeiam a resposta imunológica são as proteínas: Ara h 1, Ara h 2 e Ara h 3. Normalmente, indivíduos sensibilizados ao amendoim são também sensibilizados a alimentos com uma similaridade entre os seus epítopos antigênicos e os do amendoim. Alguns exemplos são: ervilha, lentilha, feijão e soja. Esse fenômeno é conhecido como reação cruzada. Após o primeiro contato com o alérgeno, há um aumento do nível de IgE sérica em decorrência do estímulo da diferenciação de linfócitos B em plasmócitos que secretam IgE específicas para os epítopos antigênicos do amendoim. Esse estímulo é mediado pelos linfócitos Th2, visto que há uma resposta bem definida dos mesmos, que foram diferenciados a partir de linfócitos Th0 por indução de células apresentadoras de antígeno (APCs) que expressam em sua superfície complexos peptídeos-MHC, aumento da atividade de mastócitos e liberação de mediadores inflamatórios. Uma exposição secundária a este antígeno induz uma expressiva ativação dos linfócitos T de memória, aumento da secreção de interleucinas 4, 5 e 13 e produção em larga escala de IgE, o que provoca reações adversas do paciente alérgico ao amendoim, sendo comum o choque anafilático. A alergia ao amendoim ainda é um agravo não resolvido no campo das doenças alérgicas devido, entre outros fatores, à ausência de conhecimento, por parte de grande parte dos profissionais da saúde sobre sua fisiopatologia. Não há método referente ao diagnóstico in vitro ou in vivo que demonstre efetividade satisfatória. Entretanto, o teste de provocação oral duplo-cego controlado por placebo é considerado o padrão ouro para a alergia específica ao amendoim. Embora de custo elevado e de maior demora, os exames laboratoriais são de bastante eficácia no diagnóstico de alergia alimentar. Entretanto, são necessários maiores incentivos em exames inovadores ou aperfeiçoamento nos atuais, de forma que o diagnóstico desse tipo de alergia seja rápido e preciso, para que se apliquem o mais cedo possível as medidas cabíveis.

Palavras-chave: alergia; alergia ao amendoim; reações imunopatológicas.