Relatório de estágio supervisionado básico da acadêmica de psicologia Samara Gonçalves Nicolau, discente do 8º período sob supervisão do Professor Bruno Feital Barbosa Motta. Este relatório abrange o período de 11/09/2020 a 27/11/2020, com carga horária total de 68 horas, ocorreu no formato Presencial – na 2º Delegacia de Polícia Civil no município de Ubá MG. O objetivo do estágio foi realizar o plantão de acolhimento e atendimento, de modo interdisciplinar, na Delegacia da Mulher de Ubá. Um trabalho embasado em leituras, debates e leis que vão de encontro da proteção da mulher/homem que estão inseridos no contexto de violência.O objetivo da atuação foi acolher as problemáticas das vítimas, que em sua totalidade foram mulheres, e ao mesmo tempo conhecer o exercício prático das redes de assistência à vítima de violência doméstica. Essas mulheres chegavam sem perspectivas, carentes de uma escuta e muitas vezes carentes de condições básicas e psicológicas para abandonar o cenário da violência. Nem sempre as vítimas eram dependentes financeiramente do agressor, mas uma dependência de empoderamento, de se reconhecerem como não merecedoras de um relacionamento abusivo. A acolhida por parte dos responsáveis foi muito válida, eles compreenderam de certa forma o que havia nos levado até ali, e assim, houve um suporte das demandas apresentadas, houve uma abertura que foi essencial para o êxito de nossas expectativas. A instituição se colocou numa posição solicita e confortável com presença das estagiárias de psicologia, disponibilizando um espaço físico e um lugar para que nós pudéssemos fazer parte do protocolo de atendimento da delegacia. Contudo, de um modo geral, a lacuna gerada pela expectativa de poder adentrar num sistema tão sério não foi suprida, entender que não é possível mudar a realidade que nos rodeia em um ano de estágio. Uma realidade corriqueira e cruel, exige uma mobilização social, exige mais do que pode ser oferecido no momento. Uma experiência repleta de significados e visões de mundo; da maneira com se dão as relações da mulher agredida e o outro; da aprendizagem que desperta o desejo de mudança; de uma necessidade de organização; poder compreender a parceria dos sistemas e das redes integradas, as ver como aliadas nesse processo e não culpabilizá- las por como tem se dado seu funcionamento; compreender o manejo de uma atuação multiprofissional e os desafios do campo, conseguindo traçar métodos/planejamentos disciplinados e relevantes para o contexto. Em suma, foi uma experiência de poder contemplar a empatia, na prática dos processos e visualizar a realidade desafiadora e dinâmica que precisa ser elaborada em cada dimensão em que se organiza e é organizada. Cada processo é único e demanda que seja notado como tal.