Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, VOL V (2020)

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Estágio Psicologia Jurídica - Projeto Acolher
Leticia Pujoni, Bruno Motta

Última alteração: 2020-12-08

Resumo


Relatório de estágio supervisionado concentrado da acadêmica de psicologia Leticia Pereira Pujoni, discente do 10 período sob supervisão do Professor Bruno Feital Barbosa Motta.

Esse relatório abrange o período de 16 de setembro a 30 de novembro, com carga horária de total de 140 horas e ocorreu no formato remoto.

O estágio tem como objetivo fomentar a discussão e o diálogo com a sociedade sobre a complexidade do fenômeno da violência doméstica e o direito da mulher a uma vida com segurança, liberdade, paz e bem estar, através de postagens no Instagram do projeto, bem como acolher essas mulheres em situações de vulnerabilidade através do direct no Instagram ou pelo site do projeto (www.projetoacolher.net) de forma anônima.

O projeto deu início após um estudo aprofundado sobre Justiça Restaurativa e um curso de extensão em Psicologia Jurídica voltado a debates sobre violência contra mulher, gênero, sexualidade e feminino, ministrado pelo Professor Bruno Motta. Com a ajuda dos alunos, o projeto com nome acolher foi tomando formas, inicialmente com a criação de um Instagram para postagens e foi dividido em dois grupos grande de alunos do 10º e 8º períodos a fim de organizar três postagens para conteúdos semanais. O professor nos orientava sobre os conteúdos postados. Aos poucos o Instagram foi crescendo e dividimos a equipe para os plantões no direct. A cada dia e horário da semana, um aluno ficava responsável pelas demandas que chegavam. Com o intuito de maior segurança para as vítimas de violência, foi criado o site do projeto acolher, onde as mesmas poderiam fazer contato de forma anônima. Infelizmente não tivemos o número de demandas que imaginamos, mas conseguimos levar informações e conteúdos importantes a um grande número de pessoas e diariamente recebemos um grande número de visitas no nosso site e rede social. E para complementar esse projeto, quinzenalmente fizemos um grupo de estudo para debater textos recomendados pelo professor, o que nos deu uma grande bagagem acadêmica.

Foi uma experiência incrível, esse projeto me fez abrir a visão sobre esse assunto tão importante a ser discutido na sociedade. Na situação em que nos encontramos, no meio de uma pandemia mundial, o número de violência contra mulher cresceu consideravelmente, mas não apenas nesse período. Na atualidade, infelizmente, ainda encontramos presente em nosso dia a dia a violência, o machismo, a desigualdade de gênero e muitos outros preconceitos impostos pela sociedade. Acredito que é através de pequenas portas, como o projeto acolher, que podemos fazer muita diferença na vida das pessoas na busca de lutar, orientar e acolher diariamente essas mulheres pelos seus direitos.

A violência doméstica contra a mulher tem sido um problema cada vez mais em pauta nas discussões e preocupações da sociedade brasileira. Apesar de sabermos que tal violência não é um fenômeno exclusivamente contemporâneo, o que se percebe é que a visibilidade política e social desta problemática tem um caráter recente, dado que apenas nos últimos 50 anos é que tem se destacado a gravidade e seriedade das situações de violências sofridas pelas mulheres em suas relações de afeto (GUIMARAES; PEDROZA, 2015).

O acolhimento é visto sobretudo como um diálogo confidencial entre o(a) acolhido(a) e o acolhedor, cujo objetivo é o de auxiliar para que o oprimido possa ser capaz de superar o seu estado de estresse e tome decisões saudáveis no que se refere à demanda explicitada. Portanto, o aconselhamento é considerado como uma ação educativa, de modo a prevenir e promover o desenvolvimento do(a) acolhido(a) por meio de suas escolhas, o que poderá viabilizar a mediação de conflitos ou, ainda, a resolução de problemas. (ADAMES; BONFÍGLIO; BECKER, 2018).

No que se refere à realidade da temática presente, o acolhimento psicológico proporciona ao acolhido(a) um outro olhar de si mesmo(a) quanto à situação que vivencia, ou seja, não se focaliza somente o ato de violência, mas sim as repercussões deste na vida integrada do sujeito, em seus diferentes aspectos, como o histórico familiar, cultura, crenças, valores, escolaridade, entre outros. Por fim, pode-se refletir acerca do importante papel que a Psicologia tem diante da temática no cenário contemporâneo, no qual a violência permeia lares, reproduzindo-se como um ciclo hostil de atos violentos e fatores de risco para o desenvolvimento humano e a vida familiar. Considera-se, outrossim, que a escuta qualificada e os encaminhamentos cabíveis exercidos pelos profissionais da Psicologia e demais integrantes envolvidos no processo constituem-se fatores de proteção aos direitos das mulheres e medidas de prevenção à violência conjugal. (ADAMES; BONFÍGLIO; BECKER, 2018).

Referências:

GUIMARAES, M. C. e PEDROZA, R. L. S. (2015). Violência contra a mulher: problematizando definições teóricas, filosóficas e jurídicas. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/psoc/v27n2/1807-0310-psoc-27-02-00256.pdf

ADAMES, B.; BONFÍGLIO, S. U. e BECKER, A. P. S. (2018). Acolhimento psicológico para mulheres vítimas de violência conjugal. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-8908201800 0200012&lng=pt&nrm=iso