Última alteração: 2020-12-07
Resumo
Relatório de estágio supervisionado concentrado do (a) acadêmico (a) de psicologia Nayara de Souza Parma do 10º sob supervisão do (a) Professor (a) Pedrita Reis Vargas. Este relatório abrange o período de 01/09/2020 a 10/12/2020, com carga horária total de 120 horas e ocorreu de no formato Presencial, no Grupo ASAS – AMIGOS SEMPRE AMIGOS, no bairro São Domingos.
Objetivo do Estágio: Acolher a demanda de pacientes que procuram ajuda no grupo ASAS.
Através da Terapia cognitiva comportamental, orientar o paciente a lidar com as emoções através de mecanismos cognitivos e comportamentais, proporcionando enfretamentos construtivos diante de situações novas e difíceis. Dessa forma, encorajar o sujeito a desafiar cognições destorcidas e mudar padrões destrutivos de comportamentos, assim como crenças limitantes.
Beck e Alford (2000) definem cognição como a “função que envolve deduções sobre nossas experiências e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros” ou ainda “... o processo de identificar e prever relações complexas entre eventos, de modo a facilitar a adaptação a ambientes passíveis de mudança”.
Público alvo: Pessoas de todas as faixas etárias, pertencentes à comunidade do são domingos e frequentadores do grupo ASAS. Práticas, procedimentos e Intervenções: Foram atendidos por mim, 5 pacientes, onde 2 não seguiram. Dos quais as demandas foram:
Paciente 1: S.S.V, 33 anos, sexo feminino.
A demanda inicial desse paciente foi um término de relacionamento malsucedido
O Trabalho com esse paciente, desde o início a reflexão das situações conflitantes e as emoções causadas por essas situações, que acontecem com ela. Para que quando se sinta angustiada ou em ansiosa, ela reflita sobre de onde vem esse sentimento, o que causou, por que causou e o que ela pode fazer a respeito. Refletir também sobre o que esse sentimento trás de bom para ela, ou de ruim, se atrasa ela de alguma forma, ou se serve de algo bom. Para que ela consiga sozinha sair de situações de estresse angustia e ansiedade. Inclusive nas primeiras consultas, fomos refletindo sobre o término do namoro, o que isso trouxe de consequência para ela. Pontos negativos e positivos. Coloquei para refletir também, em cima de características trazidas por ela sobre o ex, o que teria sido dela, caso tivesse continuado no relacionamento. Foi apresentado a paciente também, a técnica de Mindfullness, onde foi possível aprender a manter o foco nas situações de euforia, e dessa forma, decidir a melhor forma de agir diante dessas situações. E dessa forma caminhamos muito bem. Era uma pessoa completamente robotizada, com muita pressão na cabeça, internamente e profissionalmente. Cobrava-se a todo instante a ser forte, não aceitava “não estar bem”. Fomos trabalhando isso e hoje está muito mais leve, certa de si e sobre tudo que decide, aprendeu a se conhecer e vem se conhecendo e se relacionando com ela mesma, cada dia mais.
PACIENTE 2: T. A. P. sexo feminino. 40 anos
Demanda: Dificuldade de organização/aceitação (Demanda inicial)Paciente na primeira consulta trouxe angustia com a pandemia, por perda de trabalho, mudança radical com trabalho. Muita culpa sobre tudo e todos. Ao longo das consultas fui percebendo outras demandas. Dificuldade de falar não, mania de carregar todos nas costas, se sentir muito responsável por todos. Foi identificado durantes as sessões, que essa paciente, aos 11 anos de idade teria sido ameaçada de morte, na favela do Rio de janeiro, onde morava com sua família. Sofreu diversos traumas com o evento, que trouxe armas, sangue, confusão e perda de familiares. Bom, apesar de toda confusão, estávamos caminhando. Percebi o habito que possuía de sempre denegrir a mãe, ao descrevê-la, sempre a descreve com rancor. Paciente trazia sempre um discurso muito desorganizado, foi aplicada então a atenção flutuante, onde através da associação livre, a paciente foi capaz de fazer uma elaboração, sobre possível repetição dela da mãe, com o filho mais novo dela. E através da técnica role play que foi aplicada, a paciente começou a perceber que não tinha culpa sobre o que aconteceu no Rio, ficou muito emocionada e teve um ataque de ansiedade, onde foi aplicada uma técnica de respiração, onde a paciente conseguiu de acalmar. Paciente apresenta sempre muita dificuldade em resolver problemas, ou perde a paciência e surta, ou foge das situações, onde sempre acaba se prejudicando. Foi direcionada então a refletir sobre os problemas que possui, e a possíveis soluções, inclusive sobre as consequências geradas por fugir e não resolver. Paciente respondeu bem as reflexões, conseguiu perceber as falhas e a refletir mais sobre as situações, e dessa forma reagir da melhor maneira.
PACIENTE 3 A. E. 45 anos, sexo masculino.
Demanda: Luto
Paciente trouxe a perda de um filho de 17 anos. Muito sofrimento na fala, porém uma certa dificuldade em sentir, em explanar essa dor. Paciente se esforça muito para não chorar nas consultas. Fui trabalhando com ele a questão do espaço dele na consulta, de como é importante ele entender que aquele momento era dele, para ele se permitir sentir, se permitir chorar e se permitir a qualquer necessidade. Em todas as consultas o paciente foi convocado a falar desse filho, o que para ele não era tão dificultoso, apesar da sua dor da perda. Com o tempo, foi possível notar que essa facilidade em falar do filho, era devido ao fato de que esse paciente não aceitava a morte do filho e que por esse motivo, falava dele como se ainda estivesse vivo, talvez estivesse em outro lugar, mas vivo. Foi trabalhado com ele então a questão da aceitação, através da fala e indagações para que pudesse refletir sobre tudo que aconteceu. Quando entendeu todo o processo, sentiu-se aliviado, ainda com a dor, mas agora com uma dor menor, uma saudade diferente.
Competências e habilidades: Analisar o campo de atuação profissional e seus desafios contemporâneos. Analisar o contexto em que atua profissionalmente em suas dimensões institucional e organizacional, explicitando a dinâmica das interações entre os seus agentes sociais. Identificar e analisar necessidade de natureza psicológica, diagnosticar, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo.
Referências bibliográficas
BECK, A. T. & ALFORD, B. A. 2000. O poder integrador da terapia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas