Última alteração: 2020-11-13
Resumo
INTRODUÇÃO: O Plano de Parto é uma carta de intenções, no qual a gestante declara quais são os procedimentos e intervenções médicas que aceita ser submetida, suas expectativas e qual tratamento quer para si e seu bebê. No Brasil, tal recomendação é seguida, desde 2011, por meio da Rede Cegonha, objetivando assegurar uma rede de cuidados ao planejamento reprodutivo e uma atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, pregando um parto que ocorra no momento e via ideais para cada mãe. Desse modo, toda ação que interfira na autonomia da mulher pode ser considerada como violência obstétrica (VO), ocorrendo durante o pré-natal, parto ou pós-parto, pelos diversos profissionais da saúde e desencadeando danos físicos e psicológicos. OBJETIVO: Analisar sob a ótica de Martin Heidegger o tema violência obstétrica na literatura científica. MÉTODO: Revisão integrativa da literatura realizada na U.S. National Library of Medicine (PubMed), pelos descritores: “violência”, “obstetrícia” e “Saúde da mulher”, cruzados com o operador booleano and. Foram incluídas produções disponíveis na íntegra, publicadas entre 2015 e 2020, nos idiomas português, inglês e espanhol. A análise dos trabalhos fundamentou-se no referencial teórico e metodológico de Martin Heidegger. RESULTADOS: Dos 43 artigos encontrado, selecionou-se 7 por se adequarem aos critérios estabelecidos. O ser-aí-parturiente-que-vivencia-a-violência-obstétrica é uma realidade no Brasil, sendo que 25% das mulheres sentiram-se violentadas no processo de parir, o que pode acarretar impactos físicos e psicológicos tanto na mulher quanto no bebê. Os trabalhos desvelam que dores na genitália, sobretudo em virtude de episiotomia, traumas e baixa-autoestima são experienciados pelo ser-aí-parturiente-que-vivencia-a-violência-obstétrica, gerando repercussões negativas na vida sexual dessas mulheres. Ratifica-se que a negligência ao ser-aí-parturiente-que-vivencia-a-violência-obstétrica acarreta um risco 7 vezes maior de desenvolver depressão pós-parto, afetando o vínculo entre mãe e filho. Demarca-se que 46% das mulheres não receberam informações e nem autorizaram os procedimentos realizados, contrariando as recomendações do Programa Rede Cegonha. Ademais, o ser-aí-parturiente-que-vivencia-a-violência-obstétrica desvela experiências biopsicossocioespirituais dolorosas e repleta de cicatrizes, que marcaram corpo e alma. CONCLUSÃO: A VO gera dores físicas e instabilidade psicoemocional na parturiente, impactando negativamente nas suas vidas em longo prazo, além de abalar a relação dessas com os profissionais da saúde. Tal fato demonstra a importância de ações de promoção de saúde relacionadas à temática a fim de informar às mulheres de seus direitos, além da maior adoção de práticas e protocolos baseados em evidências científicas e humanização.