Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, VOL V (2020)

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Revisão de literatura sobre a violência obstétrica
Melissa Nathalye Ramos e Gonçalves, João Vitor Andrade, Miclecio Luiz da Silva, Rosiane Kellen de Oliveira Silva, Sandrele Carla dos Santos, Maria Luíza da Silva Veloso, Juliana Cristina Martins de Souza, Rayrane Clarah Chaveiro Moraes

Última alteração: 2020-11-13

Resumo


INTRODUÇÃO: O Plano de Parto é uma carta de intenções, no qual a gestante declara quais são os procedimentos e intervenções médicas que aceita ser submetida, suas expectativas e qual tratamento quer para si e seu bebê. No Brasil, tal recomendação é seguida, desde 2011, por meio da Rede Cegonha, objetivando assegurar uma rede de cuidados ao planejamento reprodutivo e uma atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, pregando um parto que ocorra no momento e via ideais para cada mãe. Desse modo, toda ação que interfira na autonomia da mulher pode ser considerada como violência obstétrica (VO), ocorrendo durante o pré-natal, parto ou pós-parto, pelos diversos profissionais da saúde e desencadeando danos físicos e psicológicos. OBJETIVO: Analisar sob a ótica de Martin Heidegger o tema violência obstétrica na literatura científica. MÉTODO: Revisão integrativa da literatura realizada na U.S. National Library of Medicine (PubMed), pelos descritores: “violência”, “obstetrícia” e “Saúde da mulher”, cruzados com o operador booleano and. Foram incluídas produções disponíveis na íntegra, publicadas entre 2015 e 2020, nos idiomas português, inglês e espanhol. A análise dos trabalhos fundamentou-se no referencial teórico e metodológico de Martin Heidegger. RESULTADOS: Dos 43 artigos encontrado, selecionou-se 7 por se adequarem aos critérios estabelecidos. O ser-aí-parturiente-que-vivencia-a-violência-obstétrica é uma realidade no Brasil, sendo que 25% das mulheres sentiram-se violentadas no processo de parir, o que pode acarretar impactos físicos e psicológicos tanto na mulher quanto no bebê. Os trabalhos desvelam que dores na genitália, sobretudo em virtude de episiotomia, traumas e baixa-autoestima são experienciados pelo ser-aí-parturiente-que-vivencia-a-violência-obstétrica, gerando repercussões negativas na vida sexual dessas mulheres. Ratifica-se que a negligência ao ser-aí-parturiente-que-vivencia-a-violência-obstétrica acarreta um risco 7 vezes maior de desenvolver depressão pós-parto, afetando o vínculo entre mãe e filho. Demarca-se que 46% das mulheres não receberam informações e nem autorizaram os procedimentos realizados, contrariando as recomendações do Programa Rede Cegonha.  Ademais, o ser-aí-parturiente-que-vivencia-a-violência-obstétrica desvela experiências biopsicossocioespirituais dolorosas e repleta de cicatrizes, que marcaram corpo e alma. CONCLUSÃO: A VO gera dores físicas e instabilidade psicoemocional na parturiente, impactando negativamente nas suas vidas em longo prazo, além de abalar a relação dessas com os profissionais da saúde. Tal fato demonstra a importância de ações de promoção de saúde relacionadas à temática a fim de informar às mulheres de seus direitos, além da maior adoção de práticas e protocolos baseados em evidências científicas e humanização.