Última alteração: 2019-10-14
Resumo
Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) vem sendo cada vez mais discutido nas literaturas. Estudos afirmam que os casos de autismo têm crescido, resultando em um aumento contínuo de sua incidência, dado este confirmado pelo IBGE (2000), que estima que 1 a 2 milhões de brasileiros preenchem critérios para esse transtorno. De acordo com o DSM-V (2014), o autismo está inserido em um grupo caracterizado por transtornos do neurodesenvolvimento, possuindo características com início no período do desenvolvimento, gerando prejuízos em três principais áreas, sendo elas: interação social; uso inapropriado de linguagem e comportamento e interesses estereotipados e repetitivos. Apesar da grande variedade sintomática apresentada, os sintomas mais precocemente identificados estão relacionados ao retardo no desenvolvimento da linguagem, concomitante à ausência de interesse social ou interações sociais incomuns (ex. não sustentar o olhar), brincadeiras incomuns (ex. enfileirar brinquedos, girar objetos) e padrões estranhos de comunicação (ex. interesse em línguas estrangeiras ou assuntos mais complexos, mas não sabe responder o nome da própria escola). O fato de ser uma síndrome de início na fase do neurodesenvolvimento da criança é de suma importância se atentar ao diagnóstico precoce. Além do mais, por constituir um transtorno que impõe cuidados e rotinas diferentes àquelas normalmente experimentadas, é imprescindível a atuação de uma equipe multidisciplinar no esclarecimento da família, demonstrando apoio a mesma e dando, ao mesmo tempo, informações para que ela possa ser parceria em fornecer estímulos adequados ao desenvolvimento do filho. Objetivo: o presente estudo visa demonstrar a importância do diagnóstico precoce e os benefícios da atuação de uma equipe multidisciplinar frente ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), a fim de proporcionar benefícios e melhorar o prognóstico desse paciente. Metodologia: O método de pesquisa se baseia no resumo de artigos científicos publicados na base de dados da Scielo sobre Transtorno do Espectro Autista. Discussão: De acordo com o exposto no estudo de Onzi e Gomes (2015), por se tratar de uma patologia com etiologia pouco definida, a família dos pacientes portadores de TEA enfrentam os mais diversos sentimentos/reações após o diagnóstico da doença, podendo passar por períodos de negação, raiva, culpa, pensamentos mágicos, início da aceitação e busca por soluções. O cenário desconhecido gera medos e ansiedades podendo provocar prejuízos na interação família e paciente, além do isolamento social do portador de TEA, o que vem a agravar ainda mais o seu quadro. Dessa forma, o apoio de uma equipe multidisciplinar pode melhorar em muito o prognóstico desse paciente, já que esses profissionais, de maneira conjunta, poderão auxiliar na busca de novos arranjos da família frente à nova realidade, como é salientado no estudo Autism Speaks. Por interferir em diversas áreas do desenvolvimento e causar diversas consequências, tanto para o paciente quanto para sua família, a equipe atuante conta com diferentes profissionais e áreas de atuação. O médico é de fundamental importância nesse processo, já que, através de seu conhecimento, poderá notar comportamentos característicos do transtorno de maneira a realizar um diagnóstico precoce, fornecer informações importantes acerca da patologia e ainda auxiliar a família quanto à importância de um acompanhamento com equipe multidisciplinar. Um profissional que possa promover o treinamento dos pais é de suma importância, já que dessa maneira, os familiares estarão aptos a reconhecer as necessidades de seus filhos e, assim, auxiliar no desenvolvimento de habilidades sociais e no treinamento do comportamento de maneira cotidiana, possibilitando a consistência das ações propostas ao longo do tratamento. O fonoaudiólogo atua na parte da comunicação, auxiliando os portadores de TEA a compreenderem e interpretarem melhor os sinais de comunicação (ex. humor, contato visual, gesticulações com as mãos, entre outros). A terapia também tem a sua importância, já que ensina o paciente a expandir e melhorar a suas habilidades sociais, ajudando na interação social. A psicologia, através da Terapia Comportamental Cognitiva (TCC) ganha espaço especial para esse tipo de transtorno, já que ela auxilia na regulação das emoções e no controle de comportamentos impulsivos, atuando nos medos e ansiedades, de maneira a reduzir esses sintomas. A atuação psicopedagógica, também gera suas contribuições, promovendo estímulos cognitivos e orientando a família e escola em ações educativas adaptadas as necessidades educacionais especiais do aluno autista. O diagnóstico precoce, assim como a terapêutica adequada, atua na melhora do prognóstico, já que o cérebro possui uma maior plasticidade nos primeiros anos de vida, facilitando a aprendizagem de novas habilidades propostas no tratamento. Conclusão: O diagnóstico precoce somado à atuação multiprofissional oferece aos portadores de TEA maiores possibilidades de desenvolvimento dentro de suas capacidades físicas e mentais. O acolhimento familiar também constitui fator importante nesse processo, sendo fundamental que a apresentação diagnóstica venha acompanhada de informações acerca da doença, além de sugestões e encaminhamentos necessários para um tratamento adequado, baseado nas necessidades e condições de cada paciente.