Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol IV (2019)

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SÍNDROME DE MUNCHAUSEN POR PROCURAÇÃO: quando a mãe adoece o filho
Renan Liboreiro Kilesse, Larissa Abranches Arthidoro Coelho Rocha, José de Alencar Ribeiro Neto

Última alteração: 2019-10-14

Resumo


Introdução: O termo síndrome de Munchausen foi utilizado pela primeira vez por Asher em 1951, onde este autor descrevia pacientes que contavam consistentemente histórias falsas, com sintomatologia dramática e recorrente e, como efeito eram submetidos à investigação diagnóstica e tratamentos desnecessários, neste caso, o paciente provocava essa agressão em si mesmo. Por outro lado, a síndrome de Munchausen por procuração é considerada um tipo de abuso infantil grave, de difícil diagnóstico, em que um dos pais, geralmente a mãe, simula de forma continua sinais e sintomas na criança, com a intenção de chamar atenção pra si. Atualmente, a doença é caracterizada como uma síndrome factícia. As ações promovidas pela comorbidade geram consequência, visto que a vítima é submetida a graves agressões físicas, mentais e repetidas internações, exposições  a exames e tratamentos potencialmente perigosos e desnecessários, gerando sequelas psicológicas e físicas, podendo levar a morte em grande parte da população infantil acometida por essa situação. Segundo Ferrão & Neves (2013), esta doença é muitas vezes subnotificada devido a pouca relevância ou mesmo ausência de conhecimento acerca do assunto pelos profissionais de saúde. A Literatura manifesta poucos relatos sobre esta síndrome no Brasil, sendo a maioria realizados em países Europeus ou de língua Inglesa. Dentro do contexto brasileiro,  pode-se identificar no paciente, acometido pelas agressões, uma maior frequência sinais e sintomas relacionados a sangramentos inexplicáveis e depressão, assim como, convulsões, torpor, confusão mental e outras queixas relacionadas ao sistema nervoso. Durante o exame médico, o agressor normalmente se comporta de maneira extremamente preocupada com a criança, por vezes, de forma agressiva com os profissionais de saúde, exigindo internações e exames complexos. A mortalidade gira em torno de 10% das crianças submetidas as agressões, índice esse que pode ser muito maior, devido a falta de diagnóstico correto da síndrome. Em geral, o tratamento do distúrbio factício não é baseado em estudos randomizados e controlados ( FILHO ET AL.,2017). Em 2008, uma revisão sistemática sobre distúrbios factícios mostrou evidência insuficiente para avaliar a eficácia de qualquer técnica de gerenciamento para distúrbio factício, incluindo abordagens como psicoterapia, tratamento medicamentoso, terapia comportamental e técnicas multidisciplinares. Portanto, até o momento, nenhuma terapia biológica ou psicológica mostrou eficácia baseada nas revisões e nos relatos empíricos de clínicos com experiência no campo (Eastwood & Bisson, 2008).  Objetivo: O presente estudo visa esclarecer o contexto clinico e psicológico dos distúrbios factícios e as principais formas de apresentação do paciente  no pronto socorro. Metodologia: Trata-se de um uma revisão bibliográfica dos temas ligados a síndrome de Munchausen e suas implicações clinicas ao paciente acometido pela síndrome. Resultados e discussão: Como todo distúrbio factício, os pacientes frequentemente não aderem e não cooperam com o tratamento, ou mesmo negam que possuem um distúrbio psiquiátrico, ao invés de uma patologia clínica, indiscutivelmente dificulta a realização de estudos epidemiológicos ou ensaios clínicos envolvendo modalidades terapêuticas, como psicoterapia e farmacoterapia. Esse foi um fator limitador importante tanto para este estudo, como para os estudos incluídos neste resumo. Frente a esta intemperança, é fundamental que a equipe médica e os demais profissionais da saúde, intensifiquem cada vez mais os estudos da temática e invistam sempre no tratamento de excelência, buscando a eficácia. Conclusão: Essa síndrome deve ser discutida em ambiente acadêmico e hospitalar, visando um maior conhecimento médico a respeito desta doença, facilitando assim o diagnóstico, diminuindo os custos do tratamento hospitalar indevido, assim como, melhorando o prognóstico da criança agredida.