Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol IV (2019)

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MORTALIDADE POR TRAUMA NO BRASIL: CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA
João Vitor Andrade, Eduardo Frias Corrêa Oliveira, Marília Dutra Teixeira, Jayne Ribeiro Elias, Carolina Souza Pinto, Luiza Possa Pereira, Shirley Aparecida da Silveira

Última alteração: 2019-10-15

Resumo


Introdução: a palavra ‘trauma’ significa ‘ferida’, ligada a acontecimentos não previstos e indesejáveis que atingem indivíduos neles envolvidos, produzindo-lhes alguma forma de lesão ou danos (MONTEZELI et al., 2009). Comumente conhecido como causa externa, o trauma segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2019), é responsável anualmente por 5,8 milhões de óbitos no mundo. Sendo esta mortalidade 32% maior do que a a soma das mortes por AIDS, tuberculose e malária. Os óbitos decorrentes de trauma, correspondem a 10% da mortalidade mundial (OPAS, 2019). Sendo então, um problema de saúde pública intensificado pelas desigualdades sociais, que acaba por ocasionar impactos na morbimortalidade da população (GONSAGA et al., 2012). No Brasil, destaca-se, nos últimos anos, o crescimento absoluto e relativo da mortalidade por causas externas, o que tem impulsionado o desenvolvimento de políticas voltadas ao fortalecimento da Rede de Atenção às Urgências (CAVALCANTI e MONTEIRO 2012; BRASIL, 2011). Objetivo: analisar e descrever a mortalidade decorrente por causas externas no Brasil nas últimas duas décadas. Método: a presente pesquisa, constitui-se em estudo quantitativo, descritivo para traçar o perfil dos óbitos ocorridos por causas externas no Brasil entre os anos de 1998 a 2017. A coleta dos dados foi realizada no mês de agosto de 2019, através da consulta ao Sistema de Informações de Mortalidade (BRASIL, 2017). Para demarcação do que são as causas externas, fez-se uso do capitulo Capítulo XX da Classificação Internacional de Doenças, 10ª revisão. Para análise dos dados, utilizou-se o programa Microsoft Excel/Word 2013. Os dados foram sistematizados em tabelas de distribuição de frequência para apresentação descritiva dos achados. Resultados: as causas externas são a terceira maior causa de morte no Brasil, e nos últimos vinte anos foi responsável por 2.732.688 óbitos, o que corresponde a 12,49% do total de óbitos ocorrido neste período. Destes, 41,96% ocorreram na região Sudeste e 27,72% na região Nordeste. Houve uma elevação de 25,82% no quantitativo de óbitos por causas externas no período analisado. Destaca-se que estes óbitos são diretamente relacionados à violência, rendo maior ocorrência nas regiões metropolitanas, principalmente entre os jovens. Ressalta-se que 83,07% dos óbitos são de indivíduos do sexo masculino, sendo estes as vítimas mais frequentes. As principais causas etiológicas são ferimentos por armas de fogo e acidentes de trânsito. No que tange a cor/raça, 51,21% dos indivíduos que vieram a óbito eram de cor/raça preta e parda. O Ministério da Saúde tem buscado qualificar o atendimento a pacientes em situações de urgência, através da Rede de Urgência e Emergência e do Programa S.O.S. Emergências, priorizando uma articulação integrada entre os equipamentos de saúde, com intuito de proporcionar um acesso humanizado, qualificado e ampliado, propiciando um atendimento ágil e oportuno. Conclusão: as mortes por trauma representam as principais causas de mortalidade no Brasil e pelo presente, percebe-se que houve aumento na mesma nas últimas duas décadas. Ratifica-se que estes óbitos geram impactos e representam elevado custo social, sobretudo por serem preveníeis. Portanto, faz-se necessário o fortalecimento nos investimentos e nas políticas de prevenção e controle deste problema, bem como na rede de atenção à saúde, sobretudo na de Urgência e Emergência, afim de se ofertar um atendimento mais rápido em casos de risco iminente de morte.

Palavras-chave: mortalidade; trauma; perfil sociodemográfico.

 

Referências:

BRASIL. Portaria nº 1.600, de 7 de julho de 2011. Reformula a política nacional de atenção às urgências e institui a rede de atenção às urgências no Sistema Único de Saúde (SUS). Ministério da Saúde. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1600_07_07_2011.html>. Acesso em 29 ago.  2019

CAVALCANTI, A. L.; MONTEIRO, B. V. B. Mortalidade por causas externas em adultos no município de Campina Grande, Paraíba, Brasil.     Sci. Med. [Internet]. v. 18, n. 4, p. 160-165, 2008. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/scientiamedica/ojs/index.php/scientiamedica/article/viewFile/3915/3514>. Acesso em 29 ago.  2019

GONSAGA, R. A. T. et al. Avaliação da mortalidade por causas externas. Rev. Col. Bras. Cir. [Internet]. v. 39, n. 4, p. 263-267, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912012000400004>. Acesso em 29 ago.  2019

MONTEZELI, J. H. et al. Enfermagem em emergência: humanização do atendimento inicial ao politraumatizado à luz da teoria de Imogene King. Cogitare Enferm. [Internet].  v. 14, n. 2, p. 384-387, jun. 2009. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/15634>. Acesso em 29 ago.  2019

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde. Traumas matam mais que as três grandes endemias: malária, tuberculose e AIDS, 2019. Disponível em: < https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=2989:traumas-matam-mais-que-as-tres-grandes-endemias-malaria-tuberculose-e-aids&Itemid=839>. Acesso em 29 ago.  2019