Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, VOL III (2018)

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Os desafios no atendimento médico em pacientes surdos
Larissa Abranches Arthidoro Coelho Rocha, Ariel Ferreira Lima, José de Alencar Ribeiro Neto, Cristiano Andrade Quintão Coelho Rocha

Última alteração: 2018-10-10

Resumo


Introdução: De acordo com o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ 2000), há no Brasil 24,5 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a 14,5% da população. Destes, 16,7% apresentam deficiência auditiva, ou seja, existem no Brasil 5.735.099 (cinco milhões setecentos e trinta e cinco mil e noventa e nove) surdos. A relação dos médicos com seus pacientes que não têm deficiência auditiva geralmente é estabelecida pelo código verbal, mecanismo habitualmente não utilizado pelos pacientes surdos. Diante disso surge a necessidade de recorrerem a um outro canal para se expressar, representando pela Língua de Sinais. Contudo, esta língua quase sempre não é compreendida por aqueles que lhes prestam assistência na área da saúde. Os pacientes surdos apresentam diversos problemas quando procuram atendimento médico como, por exemplo, adiamento da procura por atendimento médico, ocasionando sofrimento desnecessário para o paciente e risco de agravamento da doença, pelo fato dos médicos não saberem a língua de sinais e o paciente não dispor de um intérprete ou familiar para acompanhá-lo. Em relação ao intérprete, apesar de serem profissionais qualificados e de prontidão, muitas vezes, sua presença como reprodutor da informação gera também problemas na comunicação entre o paciente surdo com o profissional de saúde, porém em outro viés visto que, alguns surdos temem a possibilidade de que assuntos confidenciais sejam divulgados entre a comunidade surda, da qual os intérpretes costumam fazer parte, mesmo sabendo que eticamente estes não o farão.Objetivo:Este ensaio consiste em mostrar quais os desafios que os pacientes surdos apresentam antes e durante o atendimento ou procedimento médico o qual irão realizar, assim como, indicar quais alternativas devem ser adotadas para melhorar a qualidade das consultas médicas. Métodos: A pesquisa se deu por meio de revisão de literatura na leitura de artigos sobre a relação estabelecida entre o paciente surdo com o médico. Resultados e discussão: Pacientes surdos utilizam o sistema de saúde de modo diferente dos pacientes ouvintes e relatam dificuldades representadas como anseio, inibição e tristeza em não ser compreendido. A consequência destes sentimentos negativos gera a busca pela assistência médica com menos frequência. A linguagem não-verbal é um recurso de comunicação que precisa ser conhecido e valorizado na prática das ações em saúde. Mesmo que não se conheça a Língua de Sinais, é fundamental, no mínimo, interpretar gestos, expressões faciais e corporais. Um dos maiores fatores que interferem na qualidade e adequação da assistência prestada pelos profissionais da saúde aos pacientes surdos, é a não-consciência de quem é a pessoa surda, associando a inabilidade de uma comunicação não-verbal. A partir das experiências negativas no campo da assistência a saúde de pessoas surdas, foram identificadas algumas questões comofalta de conhecimento da LIBRAS; percepções conflituosas entre médicos e pacientes sobre a surdez e deficiência auditiva; percepções diferentes sobre o que se constitui uma comunidade eficaz (leitura labial, escrita); segurança dos medicamentos e outros riscos ocasionados pela comunicação inadequada; problemas de comunicação durante o exame físico e procedimentos; a dificuldade de interação com a equipe (incluindo pessoal administrativo), também na sala de espera; e presença / ausência de interprete.Conclusão:Medidas podem ser feitas para garantir um atendimento mais justo e nítido como: falar olhando para o paciente e não escrever enquanto estiver falando; escrever, fazer expressão facial; explicar antes e às vezes durante algum procedimento; explicar para que serve o medicamento; ter paciência; distribuição de senhas com indicação de número do atendimento e setor onde será atendido (chamada através de painel visual); comunicação entre a recepção e os médicos avisando a presença de um paciente surdo na sala de espera. Além dessas medidas, deve-se garantir que os profissionais de saúde tenham treinamento adequado sobre a LIBRAS, sendo essencial também, que instituições de ensino na área da saúde tenham LIBRAS como disciplina.


Palavras-chave


LIBRAS; Atendimento Médico; Surdos; Saúde.