Última alteração: 2018-10-10
Resumo
Introdução: A integralidade, princípio fundamental do SUS, possui três dimensões, uma relativa às práticas profissionais de saúde, outra à organização dos serviços e, à abrangência das políticas de saúde. O primeiro relaciona-se à atitude do profissional de saúde frente aos sujeitos, opondo-se a uma visão reducionista de sujeito como objeto ou doença. Este sentido defende uma visão ampliada e integral do cuidado à saúde dos sujeitos assistidos. As Práticas Integrativas e Complementares (PICs), possuem em sua gênese, um olhar holístico do ser humano e dessa forma, um conceito de saúde diferenciado. Essa visão pode ser um fator de influência no tratamento e na relação profissional com o paciente, tornando essa relação mais humanizada.
Objetivo: O objetivo desta pesquisa foi o de analisar as possíveis diferenças no conceito de saúde entre profissionais das Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) e Profissionais das PICs, bem como os usuários de ambos os serviços na cidade de Juiz de Fora/MG. As respostas foram categorizadas por análise de conteúdo e quantificadas em sua frequência.
Metodologia: Foi realizado um estudo transversal, qualitativo com médicos e enfermeiros das UAPS, médicos do Departamento das PICs, usuários das UAPS e das PICs, maiores de 18 anos, de ambos os sexos, da cidade de Juiz de Fora/MG. Foi solicitado que respondessem sobre como eles conceituam saúde.
Resultados: 150 profissionais das UAPS participaram da pesquisa e, foram identificadas as categorias finais do conceito de saúde: 1) Modelo Integrador de Saúde (31% na categoria inicial de Bem-estar biopsicossocial; 18% em Bem-estar biopsicossocial, não só ausência de doença; 12% em Bem-estar biopsicossocial e a promoção e recuperação de agravos; e, 37% em Bem-estar do corpo e da mente); na categoria 2) Conceito Preventivo (21% em ações de promoção e prevenção); na categoria 3) Conceito funcional (73% em Disposição física e disposição mental; 42% em Poder fazer as ações do dia-a-dia de forma independente); e, na categoria 4) Modelo biomético (79% em Ausência de patologias que impedem o bem-estar; 43 em Estar dentro de critérios de normalidade; 65% em Não possuir doenças ou algumas deficiências). O DEPICs da cidade possui 9 profissionais e todos participaram da pesquisa. Ao serem indagodos sobre o conceito de saúde, foi identificada somente uma categoria final: 1) Modelo Integrador de Saúde, tendo como conteúdos iniciais a autonommia, a consciência maior de si mesmo, harmonia entre suas dimensões e a mudança de vida e a forma de ver a vida. Quanto aos usuários, foram avaliados 150 usuários da APS, e, ao analisar o conceito de saúde, foi possível identificar como categorias finais: 1) Bem-estar geral (10% em Bem-estar geral; 6% Boa qualidade de vida); na categoria 2) Modelo biomédico (24% Não sentir dor; 41% Não ter doença; 5% Não ter doença crônica); na categoria 3) Modelo funcional (15% Disposição para o trabalho do dia-a-dia; 10% Poder praticar esportes; 20% Ter condições físicas; 5% Estar bem com o corpo; 5% Sentir-se bem consigo mesmo e com o corpo). No setor das PICs, foram avaliados 50 usuários dos serivços que relataram sobre o conceito de saúde, identificados como categorias finais: 1) Bem-estar geral e primordial (38% Estar bem consigo mesmo; 4% Estar bem e trabalhar sempre de forma preventiva; 6% Algo primordial para o ser humano); na categoria 2) Modelo Integrador de Saúde (54% Uma visão holística; 28% Uma visão holística, a alopatia não vê a saúde geral); Categoria 3) Modelo biomédico (13% Não ter um problema crônico; 7% Não sentir dor; 3% Não estar tomando remédio).
Conclusão: Foi possível peceber que, tanto no grupo dos profissionais das PICs o conceito de saúde apresenta maior frequência na categoria do modelo de Saúde Integral. Os conceitos biomédicos e funcionais de saúde foram mais frequentes entre os usuários e profissionais das UAPS. Dessa forma, o modelo integrado se apresentou mais efetivo nas PICs, tanto para profissionais quanto para seus usuários.