Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol III (2018) - n.1 - I Semana de Psicologia - FAGOC

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A arte entrelaçada a subjetividade
Romário Machado Ferreira, Francesca Stephan Tavares

Última alteração: 2018-05-17

Resumo


Introdução: A arte é uma das mais intensas formas do sujeito expressar suas emoções e sentimentos. Podendo ser representada de diversas formas, seja através da dança, pintura, escultura, cinema, teatro, música, entre outras. O presente trabalho busca apresentar a importância da arte na construção da subjetividade dos clientes de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD III). E as contribuições de Nise da Silveira e Ciornais para a compreensão do processo.

Método: Trata-se de uma pesquisa observacional e descritiva. As observações ocorreram no período de vinte (20) horas no CAPS Ad III, em Ubá, Minas Gerais.

Resultado: Após dias de observações, foi percebido que os clientes da instituição mencionada, demonstraram certa passividade para realizar algumas tarefas; demandando sempre do auxílio do colaborador para iniciar e finalizar as atividades propostas. As oficinas mais recorrentes no período de observação, foram: pintura e o canto coral. Na pintura os clientes eram sempre estimulados a expor suas opiniões e desejos. No início de cada obra, os mesmo relatavam não conseguir realizar a tarefa, porém, com a mediação do técnico os mesmo iniciavam. O início é marcado pela sutileza, pela concentração, pela escolha da obra e as cores para contemplar o trabalho. Ao terminar à obra os clientes vislumbram sua arte, demonstrando para os demais clientes e colaboradores sua satisfação e alegria, mediante a apresentação; os profissionais potencializam seu comportamento para que ele venha acontecer no futuro. O simples fato de pintar e de expor sua obra, corrobora com o desvelamento da autonomia, dando lugar ao excluído, processo que contribui com a construção da identidade; emponderando-o para a tomada de decisão e escolha. Outra atividade é o canto coral, uma ação externa da instituição, com finalidade de reforçar os vínculos interpessoais. Além de ampliar os laços afetivos, a oficina contribui para uma melhor harmonia do cliente consigo mesmo, pois a música os faz distanciar dos problemas do dia a dia. Deste modo, nos ensaios os clientes são estimulados a darem opiniões sobre música a serem cantadas. Após os treinos, muitos são submetido a eventos, permitindo-os que se apresentem e conheçam novos espaços públicos.

Discussão: Dentro dos processos mencionados, é notório que a passividade é uma construção histórica na relação mundo-sujeito, no qual as inibições e coações sociais produzem um sujeito “sem” opiniões, ou seja, um reprodutor das normas e do senso comum. NISE DA SILVEIRA (2001), aponta que a “arte-terapia permitirá o sujeito a expressar suas vivencias não verbalizadas por aqueles que se encontravam imerso ao inconsciente”. Sendo assim, o psicólogo deve ser o mediador entre o sujeito e a arte; buscando resgatar a criatividade da vida, ou seja, contribuir para que o sujeito aprenda a lidar criativamente com os limites que a vida impõe, mas especialmente sua transmutação pela arte, da sua reconfiguração em novas formas e em outros sentidos, em um processo no qual, criar na arte, o sujeito recria-se na vida ( CIORNAIS; 1995). Portanto, estar em Caps diário contribui de forma significativa para o resgate da autonomia, fortalecendo sempre os vínculos interpessoais para uma nova percepção de si e da realidade.

Palavras-chave


Arte; Subjetividade; CAPS AD III