Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol II (2017)

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Freud e a Histeria
Raíssa Soares Maciel, Luiza Nova da Costra Travassos, Thayná Pizziolo Moreira, Vanessa Cristina Souza Peron, Jaqueline Duque Kreutzelfeld Toledo, Francesca Stephan Tavares

Última alteração: 2017-09-19

Resumo


Fundador da Teoria Psicanalítica, Sigmund Schlomo Freud desenvolveu sua teoria embasada na sexualidade. A sexualidade citada por Freud, está para além do ato sexual em si, sendo considerada como uma função corpórea mais abrangente, tendo o prazer como o seu ponto principal. O objetivo deste trabalho é analise do filme "Um método perigoso", dirigido por David Cronenberg, apartir da teoria Psicanalítica, afim de compreender os conceitos propostos pela disciplina Teorias da Personalidade. No ano de 1904, Sabina Spielrein uma jovem russa de 18 anos foi levada para o Hospital Psiquiátrico de Burgholzli em Zurique. Sabina chega ao hospital gritando desesperadamente, se debatendo, contorcendo e rangendo o seu corpo, tem acessos de riso e tenta se libertar. Durante as suas sessões de psicoterapia, seu analista foi percebendo que a causa dos seus sintomas e do seu comportamento desorganizados estavam associados com a relação e humilhações sofridas que ela tinha estabelecido com o seu pai no decorrer da sua infância, pois seu pai obrigava-a a beijar sua mão depois de lhe bater. Sabina relata que sentia prazer quando seu pai te batia e sentia suas roupas e partes íntimas se lubrificarem e ficava excitada quando isto se fazia. E ela diz também que fazia algo que não era do agrado de seu pai só para ser levada para o cômodo da casa que os castigos aconteciam e ser castigada. O analisa segue ajudando Sabina a superar os seus relatos e sua desordem. Só que com o passar das terapias, a jovem diz estar apaixona pelo seu analista e passa a querer ter relações e comportamentos parecidos daqueles que tinham com seu pai. De acordo com o seu comportamento e os sintomas apresentados, a jovem Sabina apresentava um quadro de histeria. A histeria é caracterizada pelo recalque, que é o processo de defesa do ego, uma vez que um traumatismo psíquico, uma cena de sedução por parte de um adulto, tivesse representado uma carga afetiva intensa demais que o ego da criança não conseguia processar. Sem poder de elaboração, essas representações irreconciliáveis, ficariam recalcadas no inconsciente. A formação dos sintomas representaria então o fracasso do recalcamento. Mas a causa da histeria não seria o trauma de uma agressão externa, mas o vestígio psíquico deixado pela agressão. É esse traço, excessivamente carregado de afeto, isolado e doloroso para o eu, que deve ser considerado como estando na origem do sintoma histérico. “A histérica sofre de reminiscências” - Freud dizia então, que a origem da histeria era o vestígio psíquico de um trauma de conteúdo sexual, uma experiência sexual prematura. A histeria revela as lacunas no psiquismo, um branco, um furo no saber, a ausência de representação. O sujeito fica emudecido, produz sintomas, atua no real o que não consegue simbolizar.  Nota-se o sintoma da paciente na atração e no prazer que sentia pelos castigos físicos e brutos que eram impostos pelo seu pai quando era criança, porém, a causa desta dinâmica estava inconsciente. Essa pulsão de Sabina estava recalcada e chegou ao seu consciente em forma de sintoma. Os mecanismo de defesa reprimem a causa do seu sintoma, fazendo com que Sabina experimente sua sexualidade a partir da repressão dos instintos sexuais. A jovem Sabina fez a transferência com o seu analista querendo satisfazer suas pulsões e seus desenhos deslocando a experiência que tinha com seu pai para o analista, querendo ter o mesmo tipo de relação. A transferência é o deslocamento do sentido atribuído a pessoas do passado para pessoas do presente. Essa transferência é executada pelo inconsciente. Segundo Freud, a transferência é fundamental para que ocorra o vínculo terapêutico. Para a teoria freudiana, a transferência é um fenômeno que ocorre na relação entre paciente e terapeuta, ou seja, a repetição dos modelos infantis, tais como: figuras parentais ou seus substitutos serão transportados para o analista. Transferencialmente o analista irá receber do paciente seus sentimentos, emoções, desejos que estão ligados com as impressões dos primeiros vínculos afetivos para serem vivenciados no momento presente. Os "fenômenos da transferência prestam o inestimável serviço de tornar imediatos e manifestos os impulsos eróticos ocultos e esquecidos do paciente" (1912/1996, p. 119). O manejo consistiria em fazer com que os impulsos despertados sirvam para causar a associação livre e a interpretação dos sintomas. O termo playground é sugestivo na medida em que pode se referir ao parque infantil, metaforizando a análise como lugar de pôr em movimento, pela fala, o infantil que permanece atuante no adulto. Confere também algo de lúdico para a análise. Neste sentido, Freud chega a afirmar que "[...] as únicas dificuldades realmente sérias que [o psicanalista] tem de enfrentar residem no manejo da transferência" (Ibid., p. 177).


Palavras-chave


histeria, pulsão, sexualidade, analista, representações