Última alteração: 2017-09-25
Resumo
O sistema público de saúde no Brasil é bastante complexo e por isso, necessita-se de vários estudos minuciosos de seu funcionamento desde a sua “porta de entrada” até o mais completo serviço prestado, e o serviço prestado às Comunidades Remanescentes Quilombolas (CRQs) tem deiixado muito à desejar, seja por pouca oferta de serviço seja pela dificuldade de acesso à estes. Objetivo: identificar fatores que reduzem a busca pelo atendimento público de saúde da população quilombola no município de Érico Cardoso-BA . Metodologia: É um estudo qualitativo onde os dados foram previamente coletados através de pesquisa na Secretaria de Saúde de Érico Cardoso, juntamente com informações de moradores locais. Outros dados secundários tiveram como base arquivos públicos, como o DATASUS que administra informações de saúde. Todas as amostras de dados desse estudo estão relacionadas a saúde no Brasil, na Bahia e no Município de Érico Cardoso, havendo interpretação de seus significados sociais e políticos. Resultados: As CRQs observadas tiveram questões particulares quanto a influência da impossibilidade de que seus habitantes se encaminhem às unidades de saúde. Constatou-se questões sociais, políticas, religiosas e culturais em todas da amostra. Foram também observadas em comum que a localização extremamente dificultosa impede que os quilombolas possam, mesmo de forma indireta, desfrutar dos meios de saúde disponíveis no município, já que essa resistência vai muito além da disponibilidade desse atendimento. Algumas questões do cotidiano do país, como por exemplo a automedicação, também se fazem presente na realidade dos quilombos, demonstrando que há um certo grau de intertextualidade entre pessoas de culturas e traços distintos. Certificou-se que as características culturais particulares dessas comunidades influem diretamente no andamento do processo sanitário do município e que essas particularidades deveriam trazer, de alguma forma, uma preocupação pública de caráter humano sob juízo de comprometimento de condições viáveis de vida. Discussão: Assim como no presente estudo, outras pesquisas identificaram vulnerabilidades na população quilombola. De acordo com estudo realizado com o objetivo de estimar a prevalência de autoavaliação ruim/muito ruim em CRQ e verificar os fatores demográficos, sociais, comportamentais e psicossociais associados à autoavaliação de saúde, estratificada por sexo, encontrou-se prevalência elevada de autoavaliação de saúde ruim/muito ruim (KOCHERGIN, PROIETTI, CÉSAR, 2014). Os resultados de outro estudo apontaram subutilização e sugerem maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde pela população quilombola e uma possível explicação para são as iniquidades enfrentadas pelos quilombolas que vão muito além das dificuldades no acesso e utilização de serviços de saúde, sendo expressas, sobretudo, pelas piores condições sociais e econômicas (GOMES, et al, 2013). Conclusão: As questões sociais e culturais influenciam consideravelmente no acesso aos serviços de saúde, tornando-os consideravelmente vulneráveis. é importante ainda que estudos desta natureza sejam feitos com a população rural, uma vez que acredita-se que a população rural esteja tão vulnerável quanto a população quilombola.