Objetivo: A pesquisa em questão tem como objetivo geral, apresentar o processo de ressocialização nos usuários da FHEMIG, hospital da rede pública situado na Colônia Padre Damião em Ubá/MG. Como objetivos específicos, buscamos identificar o processo de ressocialização dos doentes trazidos ou mantidos de forma compulsória, a identificação com a doença através da institucionalização e a construção social primária e secundária das crianças nascidas e criadas no hospital.  Para realização desse estudo, optou-se por uma pesquisa qualitativa, de finalidade básica, natureza observacional e descritiva. As observações ocorreram no próprio hospital com acesso restrito a ambientes da instituição e entrevista com a psicóloga e a assistente social. Quanto aos procedimentos técnicos, a investigação se valeu de uma busca bibliográfica e debates em sala de aula propostos pela orientadora da pesquisa. Os resultados demonstram que a entrada na unidade de saúde era permeada por um contexto histórico de exclusão, ambiente construído para receber as pessoas portadoras da hanseníase, a fim de separá-las do meio social como forma de contenção da doença. As pessoas eram trazidas por um trem, alguns compulsoriamente, deixados em um lugar que não conheciam e que nunca mais iriam sair. Ali a subjetividade era agredida na desvalorização de seus valores, crenças, modos típicos e rotineiros do cotidiano. A doença se tornava o centro do sujeito, onde suas referências eram sempre remetidas ao processo histórico vivenciado. Assim observamos o processo de ressocialização, um processo agressivo conforme apontam Luckmann e Berger (1983), pois envolve grande carga afetiva para ser capaz de desconstruir os processos identificatórios da socialização primária e secundária. Os pacientes que já estavam melhor cuidavam um dos outros, namoravam, faziam serenatas, construíam aos poucos a vida cotidiana no ambiente hospitalar com novas distribuições de papéis sociais, marcados pela institucionalização hospitalar. As famílias ali formadas nos primeiros anos tinham seus filhos retirados ao nascer e mandados para o educandário na cidade de Juiz de fora, sendo assim, a socialização primária foi construída fora do convívio familiar, gerando novos e difíceis conflitos novamente apartir da doença. Ao longo da visita pode perceber que mesmo com o passar do tempo, a doença deixou uma marca geográfica (pois se identificam com a colônia de forma muito forte, raramente saem para fora dela de acordo com os depoimentos dos profissionais) e psíquica, frutos da segregação. Discussão: Dentro deste cenário, percebe-se que os conceitos  apresentados em sala, aliados ao entendimento da sociologia aplicada a psicologia, contribuíram de forma significativa para o entendimento do processo. Mediante aos processos apresentados, percebemos que a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais convoca a todo o momento a presença do psicólogo, para atuar minimizando os sofrimentos psíquicos através de um acolhimento em saúde mental dos que permanecem na instituição e aos que estão por vir. O profissional de psicologia busca sempre dar lugar ao sujeito; entendendo sua realidade, os significados, o simbólico e a relação consigo mesmo e a instituição, atuando em prol da unidade do indivíduo, ajudando-o a construir a sua própria história.