Última alteração: 2017-09-17
Resumo
Objetivo: Investigar o conceito de liberdade dentro do contexto de cidadania, para uma ética deliberada, verificando possíveis aproximações e distanciamentos entre Foucault, Freud e Spinoza. Metodologia: Para almejar os objetivos inerentes neste artigo, foi necessária uma revisão pautada em Foucault, Freud e em Espinosa, permitindo o conhecimento sistematizado e coerente a respeito da questão ontológica apropriada em cada um destes. Essa revisão foi imprescindível para a adoção de conhecimento e busca de evidências compatíveis que contribuíram para a análise e interpretação dos resultados que dizem respeito da liberdade. Portanto, a fim de realizar uma pesquisa básica com uma abordagem de cunho qualitativo, objetivou-se explorar os autores em questão partindo de um levantamento bibliográfico que envolvessem o conceito de liberdade e civilidade, estejam eles em livros publicados pelos autores. Optou-se pela pesquisa básica, que pode contribuir para resultados acadêmicos importantes sem que haja uma aplicação prática prevista. A abordagem qualitativa é apropriada para um maior entendimento de conceitos complexos, que exigem uma interpretação e comparação, não considerando a matemática e a estatística. Visando a familiarização dos conceitos estudados e conhecer possíveis relações entre os mesmos, objetivou-se pelo cunho exploratório. Pautando sobre materiais já publicados, a pesquisa bibliográfica foi a que melhor se adequou para a promoção de uma fundamentação teórica para a avaliação sistemática dos livros disponibilizados em português. Resultado: Para Foucault, nossas atitudes geram consequências que promovem ou não a manutenção de uma estrutura política de pensamento. É uma questão de poder e saber. Um aparato cientificista que gera modelos de verdades para garantir tipos de discursos que uma determinada sociedade assume como verdadeiros, para detalhados fins políticos. Dentro do contexto de cidade, isto implica em uma ilusão de liberdade no sujeito que assume modelos de conduta baseados em uma estrutura de pensamento a priori. Já em Freud, O autor percebe que o sujeito civilizado é atravessado por impulsos narcísicos ao mesmo tempo que sente culpa por isso. A civilização, coercitivamente domestica os instintos humanos. A culpa produzida é sentida pelo civil, em grande parte, como um mal-estar. Podemos concluir que o livre-arbítrio é ilusório, portanto, a presunção da lei de que somos sujeitos racionais, que distinguem uma definição geral do que é o bem e o que é o mau, é falsa. Podemos também, questionar as premissas éticas e morais estabelecidas, os juízos de valor do homem acompanham diretamente os seus desejos de felicidade, e que, por conseguinte, constituem uma tentativa de apoiar com argumentos as suas ilusões. Espinosa trabalhou intensivamente a liberdade e a servidão humana do que diz respeito a sua racionalidade e seus afetos. Propõe uma Ética baseada na compreensão do mundo, de suas relações e produções para com o homem. Com isso, o autor explica que, sobre a ilusão de liberdade, os homens estão servos do acaso, não tendo controle sobre seus afetos e desconhecem as causas que determinam suas ações. Chama de racional, aquele que compreende as superstições produzidas pela consciência, portanto, compreende as noções comuns que estão em relação constante com o mundo e consigo. A ética do autor não se baseia no livre-arbítrio, pois a liberdade não é um atributo do homem, sendo este uma causa necessária. É a potência interna do homem que possibilita uma forma adequada para a sua conduta. Conclusão: Presumirmos que a ética deliberada seja impossível se concebermos a ética como a qualificação da conduta, sendo boa ou má e sendo a conduta humana deliberada, isto é, acreditarmos no livre-arbítrio. Talvez seja possível basearmos em uma ética que não acredita na liberdade, mas na capacidade de sermos ativos no mundo, esta diferença causa grandes impactos na forma ontológica que identificamos os seres humanos. O sujeito não nasce livre, mas é possível uma espécie de liberdade pautada na Ética de Spinoza.