Última alteração: 2017-09-16
Resumo
Este trabalho é resultado de uma ação/intervenção realizada em uma escola pública na cidade de Cataguases/MG, sendo parte de um projeto criado a partir do estágio em psicologia social do curso de Psicologia de uma faculdade particular da cidade de Ubá/MG. Devido à grande preocupação da sociedade atual, e de como a mesma tem efetuado a construção subjetiva dos adolescentes e pré-adolescentes, preciso foi a criação e execução de um trabalho em grupo, inspirado nas ideias e técnicas da metodologia do psicodrama. O objetivo deste trabalho foi proporcionar aos adolescentes a possibilidade de se reflexionarem, de se construírem e desconstruírem, assim como, exporem seus dilemas da adolescência, utilizando-se diversas manifestações artísticas como meio de expressão. Ressalta-se que a técnica serve como embasamento teórico e inspiração para o desenvolvimento do grupo, uma vez que não faz-se possível desenvolvê-la em plenitude.Utilizando os espaços estudantis, os encontros foram realizados no contra turno com os alunos e alunas que desejavam a busca do autoconhecimento. As idades destes estudantes, oscilavam entre 13 à 18 anos, entre alunos do 8º ano Fundamental até o 3º ano Médio. A técnica do psicodrama baseia-se em os participantes escolhem os papéis que vão desempenhar na dramatização de uma situação com forte carga emocional, o que dá ao terapeuta, diretor de todo o processo artístico, a oportunidade de apreender os sintomas que afloram no relacionamento entre os membros. É um método de ação profunda e transformadora, que trabalha tanto as relações interpessoais como as ideologias particulares e coletivas que as sustentam. Sua aplicação é uma das mais eficientes e criativas nos campos da saúde, da educação, das organizações e dos projetos sociais. Acontece em um palco ou cenário (o lugar da ação dramática) com um protagonista, (indivíduo ou grupo), que catalisa o foco da ação. Tal método de ação encena histórias, encarna personagens internos, desenvolve enredos, cria realidades. No aqui e agora são representadas cenas que podem retratar lembranças do passado, situações vividas de maneira incompleta, conflitos, sonhos, e até, formas de lidar adequadamente com acontecimentos futuros. Buscou-se a análise e o pensamento crítico em todo o processo, onde o adolescente observava o outro e a si mesmo no processo artístico terapêutico. Como procedimentos adotados, utilizou-se atividades práticas com dinâmicas artísticas. Uma delas foi baseada na divisão do grupo em duplas, e cada aluna pintou no rosto da sua parceira, a sua própria face, através da arte do palhaço. Símbolos como corações, lágrimas, flores, sorrisos tristes e olhos cansados, foram os que mais tiveram presentes nos rostos de cada uma. Depois disso, o próprio grupo descreveu a pessoa através do seu rosto pintado. E por último, o indivíduo descrevia seu rosto para os outros, apresentando suas questões subjetivas. Foi unânime a emoção de todos ali envolvidos, ao descreverem suas próprias faces. Outra atividade adotada foi a interpretação do papel de opressor e oprimido. Todos vivenciaram as duas faces dos personagens, hora como algoz, hora como vítima. Com essa atividade, buscou-se trazer à tona questões sobre as próprias atitudes preconceituosas e também os sentimentos envolvidos nela. Como conclusão, percebeu-se que através do trabalho em grupo, a sua contextualização e interação com as práticas artísticas e lúdicas, o jovem teve a oportunidade de expor suas ideias e ideais, opiniões, crenças e costumes, assim como ouvir e analisar do seu parceiro, munindo-se de novos conhecimentos e construções sociais. A escola e a família também fizeram parte deste processo, muitas vezes, sendo massivamente retratados no grupo pelos estudantes, assim sendo, à medida que os adolescentes foram se construindo, suas ramificações e grupos sociais também foram sendo transformados, construindo assim uma sociedade mais conhecedora de si mesma.