Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol II (2017)

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Grupos com gestantes: um espaço de trocas e (des)construções sobre a maternidade
Cristina Toledo, Larissa Matos, Maria Gorete Barros Paula

Última alteração: 2017-09-16

Resumo


A gestação é uma fase do ciclo vital da mulher onde esta vivencia uma diversidade de sentimentos diante da intensa expectativa gerada diante do que pode ocorrer após o nascimento do bebê. Além das modificações corporais, a gravidez tem implicações no psiquismo da mulher, diante das mobilizações emocionais necessárias para se adaptar ao novo papel. Diante deste contexto, este trabalho tem a intenção de descrever uma ação/intervenção realizada por discentes com curso de psicologia na realização de ações de educação em saúde para gestantes em sala de espera como proposta de estágio básico em Psicologia Social. Tinha-se como proposta dar lugar às mulheres que ali estavam e estabelecer nesse local de atendimento clínico um ambiente de interação. Era importante que elas se sentissem à vontade para se expressarem, falarem sobre suas dúvidas, curiosidades e compartilharem suas experiências com o grupo. As ações foram realizadas em uma instituição filantrópica que oferece atendimento de pré-natal a gestantes carentes. As acadêmicas organizavam os grupos semanalmente, contando com aproximadamente 8 a 12 mulheres em cada encontro. Era realizada uma apresentação das mesmas onde expunham a proposta explicitando para as gestantes que aquele espaço era um local onde elas poderiam compartilhar experiências e interagir sobre assuntos relacionados à gestação. Como os grupos eram compostos por gestantes diferentes, toda semana era realizado o processo de apresentação da proposta e abria-se espaço para que elas pudessem se expressar. Ao todo foram realizados 7 encontros durante o segundo semestre de 2016. Os temas gerados pelas gestantes foram: aceitação da gravidez, ganho de peso no período de gestação, tipos de parto, sentimentos em relação a gravidez, relação com filhos mais velhos, entre outros. Isso garantia uma discussão bastante rica, principalmente pelo fato de serem trazidos pelas próprias gestantes. As acadêmicas atuavam como mediadoras, permitindo assim a troca entre elas. A cada semana, o grupo era composto por mulheres diferentes, com idades e características socioeconômicas diferentes. No entanto, ao iniciar o diálogo, essas diferenças já não mais existiam, pois o que estava em discussão ali não era essas diferenças, e sim o que elas tinham em comum, a gravidez. Com isso, elas ficavam à vontade. Quando uma começava a falar sobre o que estava sentindo, quais eram suas dúvidas, logo outra se identificava e entrava na conversa como se já se conhecessem. A verdade é que nesse momento elas já se constituíam em um grupo. Pode-se concluir que esses grupos de sala de espera é um grande campo de atuação para a Psicologia. Nesse ambiente, é oferecido ao sujeito um lugar que ele talvez ainda não experimentou; um lugar para se expressar, um lugar onde todos recebem o mesmo olhar, um olhar de interesse e empatia. É necessário que o profissional atuante, não importa de qual área seja, se afaste um pouco do discurso formal e dê espaço ao discurso do senso comum, dando ao sujeito um lugar de importância e de (des)construções diante da maternidade


Palavras-chave


Sala de espera; grupos, gravidez, educação em saúde.