Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol II (2017)

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Insuficiência mitral por rotura espontânea de cordoalha: intervenção terapêutica por MitraClip.
Matheus Costa Cabral, Mara Lucia Farias Lopes e Silva

Última alteração: 2017-09-16

Resumo


Introdução: A insuficiência mitral (IM) é uma valvopatia cardíaca caracterizada pela regurgitação de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular. Uma das alternativas para a intervenção terapêutica do paciente com o quadro de IM, empregada predominantemente em pacientes com alto risco cirúrgico, é o tratamento percutâneo por MitraClip. Esse procedimento foi aprovado recentemente no Brasil para a terapêutica percutânea da IM e visa reduzir a regurgitação de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular.

Objetivo: O objetivo do presente estudo foi relatar a terapeutica por MitraClip em um paciente com rotura de valva mitral.

Métodos: Foi realizado uma busca ativa na literatura científica de publicações, em português e inglês, que abordavam o tema aqui proposto, bem como uma busca de dados e entrevista com a equipe assistente.

Resultados e discussão: Para a realização do procedimento, foi realizado punção de veia femoral direita e, através do introdutor 7F, a passagem de guia metálica. Em seguida, com auxílio da bainha de Mullins em veia femoral direita, realizou-se punção do septo interatrial à 3,7cm do plano valvar mitral e foi posicionado guia extra-stiff em veia pulmonar superior esquerda. Na sequência, posicionou-se Steerable guide no átrio esquerdo, seguido de introdução do sistema Mitraclip. Logo após, foi liberado o primeiro clipe em posição medial havendo, após sua liberação, redução da regurgitação mitral de +4/+4 para +2/+4. Optou-se pelo implante do segundo clipe obtendo-se regurgitação mitral mínima e excelente resultado final. O procedimento foi realizado com sucesso e sem intercorrências, sob anestesia geral e monitorização com ecocardiograma transesofágico 3D. O gradiente médio de pressão transvalvar após o procedimento foi de 2.9 mmHg. Dois dias após o procedimento, foi realizado ecocardiograma transtorácico, evidenciando regurgitação mitral leve, apesar de apresentar efeito “coanda”, com pressão sistólica de artéria pulmonar estimada em 48 mmHg, veia cava inferior de calibre reduzido e variação respiratória normal. Seis meses após o procedimento foi realizado novo ecocardiograma que mostrou boa evolução pós MitraClip com diminuição do tamanho do átrio esquerdo, não apresentando sinais congestivos.

Conclusão: O caso relatado neste artigo demonstrou o elevado potencial desse método para a intervenção percutânea da IM, que provavelmente será amplamente difundida em nosso meio nos próximos anos.

Referências:

Eggebrecht H, Schelle S, Puls M, Plicht B, Bardeleben RS, Butter C et al. Risk and outcomes of complications during and after MitraClip implantation: Experience in 828 patients from the German Transcatheter Mitral valve interventions (TRAMI) registry. Catheter Cardiovasc Interv, Jan. 2015; 86:728-736.

Feldman T, Foster E, Glower DD, Kar S, Rinaldi MJ, Fail PS et al. Percutaneous repair or surgery for mitral regurgitation. N Engl J Med, apr. 2011; 364(15):1395-1406.

Glower DD, Kar S, Trento A, Lim DS, Bajwa T, Quesada R et al. Percutaneous mitral valve repair for mitral regurgitation in high-risk patients: results of the EVEREST II study. J Am Coll Cardiol, jul. 2014; 64(2):172-181





 


Palavras-chave


MitraClip; Insuficiência mitral; rotura de cordoalha.