Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol II (2017)

Tamanho da fonte: 
Reemergência de febre amarela no estado de Minas Gerais e fatores associados.
Matheus Costa Cabral, Mariana de Almeida Giffoni, Renan Liboreiro Kilesse, Maria Eduarda Gouveia, Deise Nogueira Teixeira, Rodrigo de Barros Freitas

Última alteração: 2017-08-23

Resumo


OBJETIVO GERAL - o objetivo do presente estudo é realizar um diagnóstico situacional do aumento na incidência de casos de febre amarela no estado de Minas Gerais e correlacionar esse aumento às características ambientais e sociodemográficas desse estado.

MÉTODOS - Realizou-se uma busca de artigos científicos para embasamento teórico nos sites ScIELO e PubMed. Foram utilizados dados epidemiológicos do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COES), fornecidos pela Secretaria de Vigilância em Saúde.

RESULTADOS - Torna-se evidente o número expressivo de casos confirmados e em investigação de febre amarela, bem como maior número de óbitos notificados por esta causa no estado de Minas Gerais em relação aos demais estados brasileiros. O estado de Minas Gerais possui algumas condições que representam as prováveis causas do aumento expressivo da incidência de febre amarela, sendo elas: susceptibilidade imunológica, condições climáticas favoráveis, possível emergência de uma nova linhagem genética do agente etiológico e maior circulação de pessoas e macacos infectados pelo vírus.

DISCUSSÃO - O número expressivo de novos casos de febre amarela na região sudeste pode ser fruto da maior susceptibilidade imunológica da população exposta a esses vetores, provavelmente desenvolvida devido a campanhas de vacinação ineficientes, bem como menor combate à replicação do vetor. Outro fator relevante é a alta prevalência de vetores e hospedeiros primários, primatas, presentes na região sudeste do Brasil, particularmente em Minas Gerais. Tal fato propicia maiores chances de o agente etiológico replicar, aumentando exponencialmente, e apresentando maiores chances de entrar em contato com o vetor, que por sua vez será o transmissor do agente etiológico para o ser humano. As condições climáticas favoráveis da maior parte do estado de Minas Gerais também contribuem para a provável justificativa, particularmente o aumento expressivo das chuvas nos períodos em que há aumento da incidência de casos de febre amarela. Assim, o clima quente e úmido, típico de país tropical, favorece a reprodução do vetor. É provável que ao longo de anos em contato com a especíe humana e com primatas, houve a emergência de uma nova linhagem genética do agente etiológico mais resistente aos mecanismos imunólogicos do hospedeiro e isso, aliado à maior susceptibilidade imunológica do hospedeiro, pode ser um dos fatores que contribui para o aumento massivo do número de casos de febre amarela. O aumento da circulação de macacos e pessoas contribuem também para a maior disseminação do agente etiológico, cuminando em maiores probabilidades de este entrar em contato com o vetor e ser transmitido ao hospedeiro humano. É possível notar que o aumento de novos casos de tal doença culmina em grandes impáctos para a saúde pública. O número significativo de óbitos por febre amarela demonstra a fragilidade do sistema público de saúde perante a tal situação. Sendo o estado de Minas Gerais o que apresenta maior número de casos novos, é crucial que as possíveis causas da reemergência de febre amarela acima descritas sejam analisadas com o intuito de evitar aumento da incidência e de óbitos por essa causa.

REFERÊNCIAS

Almeida MAB, Cardoso JC, Santos E, Fonseca DF, Cruz LL, Faraco FJC et al. Surveillance for yellow fever virus in non-human primates in Southern Brazil, 2001–2011: a tool for prioritizing human populations for vaccination. PLoS Negl Trop Dis, mar. 2014; 8(3):1-7.

 

Goenaga S, Fabbri C, Dueñas JC, Gardenal CN, Rossi GC, Calderon G et al. Isolation of yellow fever virus from mosquitoes in Misiones province, Argentina. Vector Borne Zoonotic Dis, nov. 2012; 12(11):986–993.

 

Jentes ES, Poumerol G, Gershman MD, Hill DR, Lemarchand J, Lewis RF et al. The revised global yellow fever risk map and recommendations for vaccination, 2010: consensus of the Informal WHO Working Group on Geographic Risk for Yellow Fever. Lancet Infect Dis, aug. 2011; 11(8):622–632.

 

Kaufmann B, Rossmann MG. Molecular mechanisms involved in the early steps of Flavivirus cell entry. Microbes Infect, jan. 2011; 13(1):1–9.

 

Monath TP, Fowler E, Johnson CT, Balser J, Morin MJ, Sisti M et al. A clinical trial of an inactivated, cell culture vaccine against yellow fever. N Engl J Med, apr. 2011; 364(14):1326–1333.

 

Monath TP. Review of the risks and benefits of yellow fever vaccination including some new analyses. Expert Rev Vaccines, apr. 2012; 11(4):427–448.

 

Monath TP. Short report: suspected yellow fever vaccine-associated viscerotropic adverse events (1973 and 1978), United States. Am J Trop Med Hyg, may. 2010; 82(5):919–921.

 


Palavras-chave


febre amarela; incidência de febre amarela; vacinação contra febre amarela.