Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol II (2017)

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A prática do binge-watching nos novos modos de consumo de ficção seriada: o caso de 13 Reasons Why e suas implicações para a Psicologia
Odirlei Santos, Bethânia Oliveira

Última alteração: 2017-08-22

Resumo


Objetivo geral: O presente resumo busca compreender a prática do binge-watching, também conhecida pelos fãs de séries como “maratonas”, e como este comportamento interfere na experiência emocional dos espectadores. Metodologia: A pesquisa será exploratória e descritiva, baseando-se em análise documental e estudo de caso. Discussão: Tornou-se uma constante pessoas que passam horas e horas em frente à TV ou em frente à tela do computador, assistindo a séries e filmes em sequência. Esse hábito foi denominado de binge-watching. Para Saccomori, este é um “comportamento de excessos em um curto período de tempo.” De acordo com a Oxford Dictionaries, foi em 2013 que o binge-watching ganhou um novo impulso quando a empresa Netflix, que atua com o serviço chamado streaming, começou a disponibilizar episódios de sua programação seriada toda de uma vez. Atualmente, a empresa investe em suas próprias produções. Recentemente, uma pesquisa de mercado feita pela Fizzology mostrou que a série mais popular de seu catálogo nas redes sociais é 13 ReasonsWhy. A nova febre entre os adolescentes causou uma infinidade de análises e reflexões sobre a temática abordada na trama. O drama é baseado no livro Thirteen Reasons Why, de Jay Asher, e adaptado por Brian Yorkey para a Netflix, e acompanha Clay Jensen, um adolescente que recebe uma caixa com treze fitas de áudio gravadas por Hannah Baker, sua antiga paixão de escola que cometeu suicídio duas semanas antes. Se por um lado há quem diga que a nova produção da Netflix levantou questões importantes, como o bulliyng, LGBTfobia, o machismo, abuso sexual e, principalmente, o suicídio, por outro, a série foi considerada irresponsável em sua produção pela Organização Mundial da Saúde, por mostrar uma cena explícita de suicídio. Resultados: O modelo sob demanda, como foi mostrado neste trabalho, já é comum na rotina de muitos e influencia na experiência emocional do espectador, visto que o usuário pode criar sua programação de acordo com os seus gostos pessoais, sua disponibilidade e a escolha de dispositivo que será utilizado para tal finalidade. Entretanto, “culpar a série pelo suicídio de alguém é como culpar um termômetro por diagnosticar febre”, comparou a psicóloga Danielle Zeoti. No entanto, para a Psicanálise, existe um termo chamado efeito Werther, um “efeito de imitação”, ou seja, pessoas mais fragilizadas e vulneráveis ao suicídio poderiam ser influenciadas por cenas de produções como essa ou de personalidades. Podemos, com isto, inferir a urgência e a importância da realização de mais estudos sobre o impacto emocional do binge-watching e os riscos dele sobre a vulnerabilidade psicológica de espectadores que já estariam em situação prévia de crise emocional.


Palavras-chave


Binge-watching, Mídia, Séries, Netflix, Psicologia.