Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol I (2016)

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Olhares sobre a instituição escolar: limiar de um fazer
Andyara Dias de Paula, Luiz Claudio Ferrreira Alves

Última alteração: 2016-10-02

Resumo


OBJETIVO GERAL

O papel da Psicologia na instituição escolar se define a cada intervenção realizada, ao compor com o corpo técnico da escola, articuladamente com a Pedagogia. Não estaremos fazendo apenas atividades na escola, adentramos um pouco mais a fundo nas questões que a própria escola possa produzir, através de alunos (as), professoras, diretora e outros, trabalhando o processo de subjetivação dos sujeitos inseridos naquele ambiente.

Fazendo com que o desenho e a fotografia buscassem nesses sujeitos os sentimentos e desejos que possam ser negados dentro da escola, dando-lhes o lugar de protagonistas da vida escolar, nosso trabalho teve como objetivo geral, a expressão dos  desejos, de alunos e alunas do ensino fundamental do primeiro seguimento, quanto aos lugares eleitos e registrados por eles (as) como importantes dentro da instituição.

METODOLOGIA

 

No primeiro momento buscamos observar o funcionamento da instituição escolar como um todo, seja nas salas de aula, no pátio, entre funcionários ou em quaisquer relações ali estabelecidas.  Muito se foi falado sobre os ditos ‘’alunos problemas’’.

Considerando todas essas informações e observando demandas no campo, articulamos essas idéias e definimos um projeto a partir da necessidade que visualizamos, definindo assim que trabalharíamos com o grupo de alunos.

O trabalho foi desenvolvido com uma turma de terceiro ano do Ensino Fundamental, com cerca de vinte alunos (as).                                                                            Observando uma conversa entre a professora e os alunos sobre um texto do livro didático que dizia sobre separação de pais, em que um aluno se manifestou dizendo ‘’Ninguém aceita mesmo’’, a pedagoga olhou um tempo para onde estávamos, creio que estivesse esperando que fizéssemos algo e em seu manejo ouviu um pouco mais os alunos e retornou ao texto nos dizendo que a instituição escolar não pode entrar nesses assuntos. Podemos refletir qual o papel da escola na vida dessas crianças, pois sendo outra realidade para eles pode acabar se tornando também um lugar de falta de compreensão e de desinteresse pelos sujeitos.

Dentro do que foi relatado acima podemos questionar o papel da escola, visando que os alunos passam quatro horas de seu dia naquele ambiente e ela se limita apenas em aplicar disciplinas, conteúdos e provas O que será desses sujeitos que muitas vezes não tem atenção em sua própria casa? A escola não está preocupada e nem instruindo seus profissionais a querer saber e dialogar sobre a realidade desses alunos (as)?

Vemos então que o afeto é algo importantíssimo para a construção do sujeito, e essas demonstrações muitas vezes não são possíveis de serem trabalhadas nas escolas. Foi utilizada literatura infantil, nas intervenções que realizamos, com temas que falavam das relações afetivas, perdas e conquistas. Após a leitura e diálogo a partir do livro trabalhado, solicitamos que desenhassem sobre algo ou alguém que haviam perdido ou que sentissem saudades.

Após compreendermos o quão profundo e rico é trabalhar com crianças em seus sentimentos, decidimos intervir novamente com esse tema, no viés da instituição escola, via a fotografia. A atividade seria tirá-los da sala e um a um fotografarem dois ambientes,um que apreciassem e outro que não simpatizassem na escola. Depois, em uma folha, escreveriam e desenhariam os lugares que fotografaram e o motivo de os terem escolhido.

RESULTADOS

 

Os resultados desse trabalho foram gratificantes, pois os alunos conseguiram se expressar em palavras, falas, desenhos e fotos. No período da intervenção se manifestaram entre conversas sobre seus desenhos, dizendo que foto era a sua e porque teria tirado a foto naquele local.

Sempre aguardavam alegres, os dias de nossa presença. Mostravam-se bastante interessados nas atividades da intervenção. O que realmente interessa não é a intervenção em si e sim o que ela produziu em nós e junto aos alunos e alunas.

DISCUSSÃO

Como estudantes de Psicologia, aprendemos a ouvir o que não está dito em palavras, pois essas se escondem num amontoado de sentimentos, e cabe a nós ter esse olhar e escuta apurada, pois são nos detalhes que as coisas passam despercebidas pelas pessoas. Espera-se que não para nós.

Enquanto profissionais da Psicologia, como nos aponta Alves (1990) devemos buscar desvelar as questões, em demandas muito mais complexas que as explicitadas pela escola, tentando enxergar a origem e o porquê, não apenas a reclamação do fato.

Palavras - chave: Psicologia; Escola; Intervenção; Fotografia.

Referência Bibliográfica

ALVES, Luiz Claudio Ferreira. Psicologia Escolar: a re-definição de uma prática. IN:Psicologia & Sociedade – Revista da Associação Brasileira de Psicologia Social – ABRAPSO, Ano V. Número 8 – Mar 1990.