Última alteração: 2016-10-01
Resumo
A psicologia, como ciência que busca legitimidades para seu fazer está sempre implicada com princípios éticos e ações políticas que se apresentam frente a pluralidade dos homens, enquanto lança mão de outros corpos de conhecimentos para produzir práticas que, ao mesmo tempo, permitem criar rupturas em realidades que se apresentam de forma naturalizada.
Partindo da formação do profissional, a psicologia, muitas vezes, vem definindo seu fazer como algo técnico, o que cria uma ilusão de que a dimensão técnica exclui a dimensão política das práticas.
Neste sentido, dentre os desafios no fazer do (a) psicólogo (a), talvez a construção de conhecimentos com compromisso ético-estético-político dentro das práticas de psicologia sejam os que demandam mais enfrentamentos pelo profissional psi.
Nos últimos anos, a partir da inserção da profissão em cidades fora dos grandes centros urbanos, presenciamos um movimento dialético na psicologia, enquanto ciência e profissão, no encontro do fazer psi com contextos diferenciados.
Há pois que se problematizar as posturas, modelos de formação e de atuação e compromissos afirmados pela psicologia fora dos grandes centros urbanos no encontro com as populações que se organizam a partir de um contexto rural. Também se torna premente discutir a inserção do psicólogo em políticas públicas nestes locais, além de discutir as bases epistemológicas que são referências para as práticas assumidas por profissionais nestes contextos.
Nossas considerações partem das experiências práticas da psicologia, enquanto formação e atuação, em cidades no interior de Minas Gerais, com populações até 20.000 habitantes.
A formação profissional da psicologia tem se inserido na esteira da fábrica, produzindo psicólogos com posturas muitas vezes massificadas e sem uma visão crítica da realidade.
Enquanto ciência produzida em instituições localizadas em grandes centros urbanos que se debruçam sobre populações urbanas, faz-se desafio atuar em comunidades onde o campo predominam como modos de vida que se diferenciam, exigindo do profissional formar um compromisso ético, político e social que permita uma leitura crítica e contextualizada que, muitas vezes, não se apresenta nas formações universitárias. Os contextos de atuação do profissional psi não são homogêneos, muito menos os sujeitos que a nós se apresentam em nossas práticas.
Questionamos: Fora dos grandes centros urbanos, em “cidades minúsculas”, que práticas psi emergem? Fora das “metrópoles”, das universidades, dos “grandes centros”, que pesquisas são realizadas? Que saber/fazer tem possibilitado a psicologia mediante modos diferenciados de vida, conhecimento e cultura?
PALAVRAS-CHAVE: Práticas; Ruralidades; Ética; Psicologia.