Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol I (2016)

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A produção de instrumentos de saberes na escola do campo
Jefté Morais Souza, Cecília Segheto Reis, Leon Dutra Paiva, Cardoso Lopes Venâncio, Marcos Luiz Teixeira, Ludmila da Silveira Magalhães, Ronaldo Silvério Lopes, Maria Isabel de Lucca Pereira Costa, Patrícia Cecília de Melo Villas Boas, Wedne da Silva Santos, Thayna Amorim Carvalho, Cristiane Carvalho, Gilsilene Ferreira, Kátia Vargas, Ingrid Galão, Larissa Oliveira, Karla Dutra, Luiz Claudio Ferreira Alves

Última alteração: 2016-10-01

Resumo


O fechamento de escolas no campo no Brasil ainda é um fenômeno observado de forma sistemática ao longo dos anos. Estes fechamentos são justificados pelo poder público, em suas diversas esferas, pelo suposto baixo rendimento dos alunos, pela precariedade do serviço ofertado ou por razões de economia de gastos públicos.

O procedimento adotado para continuar atendendo aos alunos após o fechamento das escolas no campo é a famigerada nucleação, que consiste em reunir os alunos das escolas desativadas em escolas maiores.

Em muitos casos a nucleação acaba por levar os alunos do campo a centros urbanos onde as maiores escolas estão localizadas, outras vezes as nucleações se dão intracampo, ou seja, fecham-se pequenas escolas no campo e levam-se os alunos para escolas maiores ainda no campo.

A instituição escola se apresenta como uma produção histórica contraditória que emerge de inúmeras contradições presentes, também, na totalidade da sociedade.

No caso brasileiro as contradições se apresentam desde o momento em que o processo de escolarização é oferecido à população em geral (PATTO, 2000).

Neste sentido, a escolarização de um grande contingente de pessoas se apresenta como uma necessidade de especialização da mão de obra produtiva na divisão social do trabalho e ao mesmo tempo se apresenta como possibilidade de emancipação social das classes menos favorecidas, que, através da escolarização, galgaria melhores posições nesta divisão social do trabalho.

O desenvolvimento da criança se dá na relação com o meio em que vive. É nesta relação dialética entre a criança e o meio que se produz o processo de escolarização (VYGOTSKY, 2007).

Neste processo estão presentes componentes diversos como afetividade e a produção de novos conceitos.

A produção de novos conceitos depende das ligações que a criança faz com a realidade em que vive e com conceitos que já adquiriu previamente.

No processo de fechamento das escolas do campo as crianças deixam uma escola produzida historicamente no contexto onde vivem e são transportadas para outro contexto, a saber, a cidade urbanizada.

Caberia ao psicólogo escolar em sua prática estar atento e questionar: como mudanças de uma escola no campo para um centro urbano, que segue fluxo quase contínuo no contexto em que a escolarização está inserida, pode afetar a produção de novos conceitos no processo de escolarização?

A criança, ao mudar o espaço contextual em que o processo de escolarização se produz, precisa lançar mão de outros instrumentos necessários, com os quais possa se apropriar das transformações engendradas na escolarização e construção de novos conceitos.

Neste movimento questionamos: Que instrumentos necessários são esses? Como esses instrumentos podem ser conhecidos pelo profissional psi? Como conduzir esta proposta de conhecer novos instrumentos sem reducionismos objetais e mantendo a radicalidade do conceito dialético de desenvolvimento? Que posicionamento tem o psicólogo escolar neste contexto?

Palavras-chave: Educação do Campo; Aprendizagem; Instrumentos; Psicologia Escolar.