Última alteração: 2016-10-01
Resumo
Processos de subjetivação nos modos de habitar a cidade
Habitar a cidade se diversifica. Como modo de “ganhar a vida”: em malabarismos nos sinais de trânsito, lava rápido dos carros em estacionamentos de pontos dos centros; nas coletas seletivas de materiais reciclados nas portas de lojas e galerias comerciais; em buscas de clientes sob a pouca luz das noites escuras ou nos clarões da lua. Em derivas pelas ruas e avenidas: no vai e vem, sob pontes, ao abrigo de marquises, em “não lugares”.
Na tentativa de inventar o cotidiano da cidade como nos propõe Certeau (2008); no caminhar pela cidade enquanto uma filosofia, defendida por Gros (2010) o LAPIDAR* vem buscando interações com o Ninguém (Gagnebin, 2006), (Homero, 2011) na composição do cenário urbano nos dias atuais. Esse e essa Ninguém nos interessa nos modos ardilosos de habitar que para nós se desenha no direito a cidade, como nos aponta Tavolari (2016) na evocação conceitual de Harvey, Lefebvre entre outros.
Como objetivo geral, busca-se escutar em narrativas dialogadas os processos de subjetivações que engendram os Ninguéns que se esquivam das políticas públicas do habitar a cidade, em seus modos singulares e diferenciados de existir.
Metodologia
O que baliza as atividades teóricas práticas do LAPIDAR* é o não enquadramento do (a) Ninguém. Estar em interação e escutar narrativas desse e dessa Ninguém que habita a cidade. Em viadutos se abrigam, moram sob a ponte, em improvisada morada na encosta do morro rente a rua ou transitam dia e noite abrigados (as) pelas eiras e beiras citadinas.
Em metodologia que nos lança para junto ao público alvo (Thiollent, 2011), a escutar o existir (Gagnebin, 2006), os estudos desenvolvidos tem mobilizado em nós a ida a campo na interação e escuta narrativa objetivada.
Resultados
Na expectativa de não repetirmos algumas intervenções produzidas nas políticas públicas assistenciais em vigor, temos ouvido, olhado e transitado a cidade não mais no corre - corre das calçadas ou do tempo medido dos sinais de trânsito. As vidas narradas por aqueles e aquelas que habitam as ruas na invisibilidade dos (as) Ninguéns, nos tem oferecido diferenciados sentidos e não apenas significado único do que seja a cidade.
Discussão
Nossas tentativas de interações continuam no cotidiano da urbe. Temos tido necessidade de nos desfazermos de modos de transitar, olhar, sentir a cidade para que possamos fazê-lo pelo viés da rua.
Palavras-chave:
*LAPIDAR – Laboratório de Práticas Instituintes Deflagradoras de Arranjos Reterritorializantes