Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol I (2016)

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Fatores de risco e proteção ao cárcere no presídio de Ubá-MG.
Gabriela Silva Donadoni, Bruno Feital Barbosa Motta, Aline Joice Ribeiro

Última alteração: 2020-12-18

Resumo


Objetivo Geral: O presente trabalho tem como objetivo geral realizar um estudo sobre a percepção dos fatores de proteção e de risco ao aprisionamento a partir da visão dos sujeitos encarcerados no presídio da cidade de Ubá, Minas Gerais. Método: Trata-se de uma pesquisa fundamental, de natureza observacional, com abordagem qualitativa e objetivos exploratórios. Para execução do projeto, optou-se pela realização de uma pesquisa documental, com análise de conteúdo, dos relatórios oriundos dos grupos conduzidos pelos acadêmicos de psicologia, do projeto de Extensão em Psicologia Jurídica da FAGOC, com os sujeitos em cumprimento de Pena Restritiva de Liberdade na cidade de Ubá, Minas Gerais onde semanalmente são realizados encontros visando o debate sobre criminalidade e cidadania. Resultados: A pesquisa em questão ainda não foi concluída. Porém, preliminarmente encontramos os seguintes dados. Através dos encontros e das falas dos sujeitos encarcerados, produzimos dois relatórios que nos possibilitou um estudo a cerca dos seguintes tópicos: fatores de risco, fatores de vulnerabilidades, características pessoais negativas, fatores de proteção, fatores de prevenção e características pessoais positivas.  Nos fatores de risco foram apontados a ilusão, as drogas e más influências/companhias nos dois relatos em grupo; a corrupção do governo, a “mulher”, a desobediência da lei, o desafeto e o desemprego foram citados em apenas um dos relatórios. Segundo a fala de um dos integrantes do grupo “a ilusão de uma ‘vida com dinheiro rápido, poder e bens materiais’ os levam ao mundo do crime”, além da atuar como influencia na vida de crianças e adolescentes que vivem em ambientes que proporcionem vivencias como essas; a desobediência da lei, foi algo colocado por eles “como sendo o fator que culminou no aprisionamento dos sujeitos”. Dentre os fatores de vulnerabilidade foram citados a falta de políticas públicas (citada nos dois relatórios), o desemprego, o preconceito, a falta de apoio familiar e a corrupção do governo neste tópico que como apontado por eles: “a corrupção impede a construção de escolas, áreas de lazer, oficinas de artesanato e esportes que poderiam impedir a entrada dos jovens no crime e nas drogas”. Dentro das características pessoais negativas colocaram a impaciência, a falta de oração e a fraqueza, sendo essa uma “falta de coragem em dizer não as ilusões do crime e ir para o caminho mais fácil. Indo de encontro fatores que segundo eles facilitaram a entrada dos mesmos no sistema presidiário, temos os fatores de proteção, como o emprego, a educação, a paz, a esperança, Deus, a fé, o amor ao próximo, os sonhos, a felicidade, e as responsabilidades. Os fatores de prevenção contam com as políticas públicas, cursos profissionalizantes, objetivos, e família citada nos dois relatórios. Dentre as características pessoais positivas podemos apontar a confiança, o querer “simbolizando a força de vontade que terão que ter para mudar de vida”, a paciência, o amor próprio e a consciência, sendo esses dois últimos, fatores que “podem entrar a qualquer momento no jogo.”  Escrever o que encontraram até então com a pesquisa: Nos fatores de risco: Quais descritores, quantas vezes. E os fragmentos de frase? Nos fatores de proteção: quais descritores quantas vezes. E os fragmentos de frase? E os outros tópicos, prevenção acharam algo? Discussão: Conforme os dados colhidos através das entrevistas, observamos fatores os quais agem diretamente na construção biopsicossocial do sujeito encarcerado, fatores os quais foram ditos durante reuniões com um grupo de sujeitos encarcerados no Presídio de Ubá-MG. Nesses primeiros encontros e relatórios, observamos a forma com que os indivíduos colocavam os fatores e os motivos pelos quais citavam como importantes tanto no encarceramento, na reincidência e na ressocialização dos mesmos às atividades após o cumprimento da pena judicial. Nesses encontros não demos enfoque ao fator de transgressão em si, apesar de serem citados em alguns momentos, mas nos pontos os quais os sujeitos apontavam importantes, para além do “crime”. Assim identificamos fatores que podem ser trabalhados individualmente, mas que quando colocados frente a outros fatores, podem ser estudados de forma interdisciplinar e abrangendo mais o sujeito e sua construção. Conclusão: Embora no estágio final da pesquisa, não é possível o fechamento de uma conclusão que abarque a complexidade do tema estudado. Contudo, vale destacar, o quanto enriquecedor tem sido a realização de uma pesquisa que busca entender os fatores de risco e proteção ao encarceramento, a partir da fala dos sujeitos que vivem o cumprimento de pena restritiva de liberdade.


Palavras-chave


Sujeito encarcerado; fatores de risco; fatores de proteção