Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, VOL V (2020)

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Consultorio de Rua - Suas praticas e intervenções
Franciely Oliveira Rodrigues, Pedrira Reis Vargas Paulina, Bruno Feital Barbosa Motta

Última alteração: 2020-12-08

Resumo


Este relatório abrange o período de 28/09/2020 a 30/11/2020, com carga horária total de 67 horas e ocorreu no formato Presencial e Remoto. Sendo em presença na praça Guido Soares e territórios abrangentes no município de Ubá -MG.

 

Objetivo do Estágio: Promover prevenção e promoção em saúde no sentido de orientação e redução de danos à pessoa em situação de rua.

Público alvo: Pessoas em situação de rua, em situação de vulnerabilidade social, em situação de risco por estar na rua, podendo ser ou não usuários de substância psicoativa e/ou álcool.

Práticas, procedimentos e Intervenções:

 

Em contraste com a prevalência, é sabido que não há visibilidade e acolhimento pela sociedade acerca dos moradores de rua, muito menos acesso a saúde básica e seus direitos. A proposta do estágio foi promover recursos em saúde mental para moradores de rua. Surgiu inicialmente com 9 alunos para suprir a demanda inicial e assim, gradualmente diminuiu para 4, onde pode-se refletir sobre fazeres e procedimentos através dos artigos providenciados pelos professores para nos orientar e melhorar nosso olhar para esse público.

O primeiro contato ocorreu no dia 28 de outubro, onde por meio de mediação com a Policlínica de UBÁ- MG, conseguimos insumos para serem distribuídos aos moradores de rua, sendo esses camisinhas e lubrificantes.

Ainda nesse primeiro contato conhecemos o senhor A., que nos apresentou o território, mostrando onde os sujeitos dormiam e comiam.

É de suma importância trazer em pauta as dificuldades do consultório de rua e todos os desafios que com ele compõem. Sendo às vezes a falta de apoio necessário público e/ou a dificuldade que é estabelecida pelos próprios estereótipos que acompanham esse grupo por toda a sociedade atual.

Segundo Lívia Bustamante (2019) viver na rua define grande parte da vulnerabilidade social e sua precarização de condições básicas de saúde e vida. Observamos isso na prática, por meio de conversas e escutas, percebendo que o grupo em questão às vezes é deixado de lado pelo próprio órgão que deveria, em teoria, prestar serviços em favor dessa sociedade.

Ocorreu em um momento a prática de redução de danos. Onde um morador de rua nos interceptou pedindo que o ajudassem a ser internado em uma clínica de reabilitação, pois o mesmo não queria mais ficar na rua e fazia uso de substâncias lícitas frequentemente.

Com base em todos os artigos e referência que estudamos até esse momento, fizemos um acolhimento de escuta e promoção de saúde, explicando-lhe o que era CAPS AD e onde poderia encontrá-los, mas acima de tudo, ouvindo e informando que a internação pode ser uma opção, mas que faz-se necessário compreender de onde vem esse desejo, bem como as demais oportunidades possíveis de auxílio.

Levamos ele até o Centro POP (Centro de Referência Especializada para a população em Situação de Rua) e lá descobrimos que ele estava desligado (termo usado quando um usuário do serviço passa mais de um mês sem ir). Acompanhamos o religamento para que ele pudesse ter novamente acesso ao ambiente social para algumas necessidades básicas e assim, intervimos mostrando que existem outros viés além da internação.

Vale ressaltar que muito moradores de rua utilizam esse recurso que é disponibilizado pelo estado, como também uma associação vinculada à igreja que oferece alimentação todos os dias para eles.

Em uma das nossas visitas fomos abordados por outro sujeito em situação de vulnerabilidade com uma demanda de ajuda a um outro morador que se encontrava caído e inconsciente no meio da rua. Diante desse fato, fomos até o local e o ajudamos, fazendo uma intervenção e redução de danos. Oferecemos água e comida até ele ficar consciente o bastante para entender onde ele estava e para que pudesse reagir aos estímulos externos.

Com a prática aprendemos que a sociedade na rua é diferente da qual vivemos, é um ambiente totalmente julgado e estereotipado por quem vive dentro e pelas pessoas que olham de fora, com um conceito estipulado entre eles onde denominam quem é “merecedor” e quem não é. Os próprios moradores de rua estabelecem um julgamento dentro dos quais são julgados, e chamam a importância para nós psicólogos de observar tais parâmetros e estabelecer um precedente.

São pessoas que escolhem estar na rua e estão na rua pois não tem escolhas, são um viés social onde poucos se preocupam em promover uma saúde mental e de prevenir com psicoeducação básica para que possam ter um pouco mais de acesso aos recursos que as vezes, nem eles mesmo sabem que existem.

Para as minhas considerações finais, deixo uma reflexão sobre como devemos investir mais sobre esse assunto e procurar caminhar em direção a esse âmbito social e para essas pessoas que necessitam de muito e tem poucos, sem julgamentos, sem segundos olhares, pois só com a escuta, as vezes estamos fazendo muito para pessoas que não sou ouvidas, tão pouco levadas a sério mediante a decisões importante para a cidade ou o pais. É de importância que o Consultório de Rua seja mais destrinchado e sedimentado no ambiente da psicologia para nós alunos criarmos um outro olhar para essa população.

 

Competências e habilidades: Analisar o campo de atuação profissional e seus desafios contemporâneos.

Atuar, profissionalmente, em diferentes níveis de ação, de caráter preventivo, terapêutico ou psicoterapêutico, considerando as características das situações e dos problemas específicos com os quais se depara.

 

Referências bibliográficas usadas como suporte:

Bustamante, L., Atenção psicossocial e o cuidado em saúde à população em situação de rua: uma revisão integrativa. São Paulo, 2018.