Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, VOL V (2020)

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TRABALHANDO A AUTONOMIA JUNTO A PROFESSORES(AS) DA EDUCAÇÃO INFANTIL E DO ENSINO FUNDAMENTAL I: relato de uma experiência de estágio em Psicologia Escolar
Jakelline Souza, Gabriela Silveira Meireles

Última alteração: 2020-12-07

Resumo


Relatório de estágio supervisionado básico da acadêmica de psicologia Jakelline Filgueiras da Silva Souza, discente do 8º período de Psicologia, sob supervisão da professora Gabriela Silveira Meireles. Este relatório abrange o período de 10 de agosto a 25 de novembro de 2020, com carga horária total de 90 horas, tendo ocorrido na modalidade remota. Objetivo do Estágio: Auxiliar professores(as) da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I em relação aos desafios enfrentados no ensino remoto durante a pandemia do coronavírus. Público-alvo: Professores/as da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. Práticas, procedimentos e intervenções: Inicialmente, aplicou-se um questionário junto aos(às) professores(as) da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I da referida escola, para que fosse possível identificar as principais dificuldades por eles(as) enfrentadas em relação ao ensino remoto. O questionário continha sete questões, das quais seis eram fechadas e uma era aberta, sobre temas como saúde mental, motivação, relação ensino-aprendizagem e criatividade. Na questão aberta, foi solicitado que os(as) professores(as) manifestassem qual tema consideravam relevante de ser abordado nas intervenções realizadas durante o estágio. Quando questionados(as) sobre o aumento do estresse no período de pandemia, aproximadamente 72% dos participantes alegaram se sentir ansiosos e/ou estressados às vezes e 25% na maior parte do tempo. Além disso, 30,6% dos(as) professores/as disseram ter passado a fazer uso de medicamentos ou ter tido dificuldades para dormir; 77,8% julgaram-se apenas parcialmente adaptados ao novo modelo de ensino remoto. Em relação aos maiores obstáculos diante do ensino remoto, 38,9% dos/as professores/as afirmaram ter tido dificuldade para utilizar novas tecnologias e 58% declarou se sentir desmotivados(as) às vezes. Quando perguntados sobre a criatividade para atender às novas demandas do ensino remoto, 72,2% dos(as) participantes disseram se considerar suficientemente criativos. Ao final do questionário, os(as) participantes sugeriram também os seguintes temas para serem discutidos no decorrer do estágio: o controle da ansiedade; a realização de treinamentos relativos ao uso das novas tecnologias; e a conscientização dos pais. Diante das demandas apresentadas, ficou decidido abordar esses temas apontados pelos(as) próprios(as) professores(as) através de posts informativos, produzidos com base em pesquisas teórico-científicas. O formato desses posts era o de imagem, contendo textos e imagens, além de um layout atrativo e colorido, de modo a ter facilitada a sua leitura. As postagens foram enviadas semanalmente para a psicóloga da escola, a qual encaminhava as mesmas para o grupo de professores(as) no Whats App. O estágio realizado possibilitou o contato com um grupo específico de professores(as) e com os principais desafios por eles(as) enfrentados em relação à saúde mental durante a pandemia.  Segundo Neves e Silva (2006), um dos motivos que leva ao prejuízo psíquico dos docentes estão relacionados ao grande envolvimento emocional com os alunos, à desvalorização do trabalho, à falta de estímulo ao trabalho docente, à necessidade de dominar temas que estão em constante mudança, à insatisfação nas relações interpessoais, à falta de tempo para o lazer e ao sentimento de culpa por não darem conta de conciliar todas as suas tarefas. Foi possível notar que o primeiro post sobre “Saúde mental em tempos de pandemia” gerou uma repercussão maior, pois houve uma grande identificação com o estado emocional descrito por eles(as) no questionário. Alguns declararam se encontrar em condições emocionais delicadas, devido à preocupação com o contágio da doença, principalmente aqueles/as que possuem familiares do grupo de risco. Talvez por isso, as dicas relativas à saúde mental durante a pandemia tenham despertado maior interesse por parte dos(as) professores(as). Com isso, foi possível concluir que os impactos da pandemia na saúde mental dos/as professores/as foram grandes. O estágio revelou, portanto, uma certa dificuldade por parte dos/as professores/as em lidar com as situações adversas nesse período, o que inclui as dificuldades em lidar com o cansaço e o estresse durante o distanciamento social e também as dificuldades em inovar em termos metodológicos, além da necessidade de criar novas estratégias para promover a interação entre professores/as e alunos/as. A motivação dos(as) docentes também foi um dos temas importantes abordados nas postagens. Santos, Antunes e Bernardi (2008), afirmam que existe uma infinidade de questões que desmotivam os(as) professores(as), tais como a desmotivação por motivos pessoais, o fato de presenciarem interações com os colegas de trabalho, alunos(as) ou equipe pedagógica que gerem um mal-estar, além dos desafios cotidianos referentes ao contexto social vivido. O estágio contribuiu, enfim, para a compreensão da importância do trabalho da Psicologia Escolar no enfrentamento a situações como a da pandemia do COVID-19, visto que ela pode atuar não apenas dentro das escolas, mas também em outros espaços, de modo a construir as bases de uma ação preventiva, capaz de “identificar e analisar como as pessoas percebem as situações por elas vividas” e formando “redes de apoio afetivo e social” (GUZZO, 2016, p. 23). Competências e habilidades: Analisar o campo de atuação profissional e seus desafios contemporâneos; avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, comportamental e afetiva, no contexto da Psicologia Escolar; relacionar-se com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais. Referências bibliográficas usadas como suporte: GUZZO, Raquel Souza Lobo. Risco e proteção: análise crítica de indicadores para uma intervenção preventiva na escola. In: FRANSCHINI, Rosângela; VIANA, Meire Nunes. Psicologia Escolar: que fazer é esse? Brasília: CFP, 2016. NEVES, M. Y. R.; SILVA, E. S. A dor e a delícia de ser (estar) professora: trabalho docente e saúde mental. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 6, n. 1, p. 63-75, 2006. SANTOS, B. S. dos; ANTUNES, D. D.; BERNARDI, J. O docente e sua subjetividade nos processos motivacionais. Revista Educação, v. 31, n. 1, p. 46-53, 2008.