Relatório de estagio supervisionado básico do acadêmico de psicologia Henrique Soares Meira, discente do 8º período do curso de Psicologia sob supervisão da professora Jaqueline Duque Kreutzfeld Toledo.

Este relatório abrange o período de 04/09/2020 até 04/12/2020 com carga horária total de 110 horas e ocorreu de no formato Presencial – nas UBS( Unidades Básicas de Saúde) do município de Piraúba- MG.

Objetivo do Estágio:

Teve-se como objetivo, atender os munícipes da cidade de Piraúba – MG, devido à alta demanda existente de atendimentos psicológicos nas unidades de saúde do município. Com isso, dar o suporte psicológico necessário a população da cidade diante as suas questões emergentes e ressurgentes de caráter psicológico.

A psicoterapia tem sido de suma importância no contexto social vivido pela humanidade no ano de 2020, devido a pandemia que acomete a sociedade mundialmente. Com a necessidade real das pessoas ficarem recluídas em suas residências, por um longo período, e devido a limitação do convívio social com pessoas do mundo externo, houve um agravamento do quadro de adoecimento mental de certos grupos, e além do surgimento de outras patologias associadas a um quadro psicossomático na população em geral. Com isso a psicoterapia tornou-se fundamental para o enfrentamento das questões relacionadas a saúde mental da população em geral, ocasionando um grande aumento dos atendimentos clínicos tanto presenciais (após a reabertura dos estabelecimentos comerciais) e online. A clínica psicanalítica vem de encontro com todas essas questões, principalmente frente a atuação do psicólogo que atende nessa ênfase, e além disso pelo olhar clínico enviesado pelas teorias Freudianas a respeito do aparelho psíquico humano e a forma de convívio social da humanidade.

Público alvo:

Comunidade do munícipio de Piraúba-MG.

Práticas, procedimentos e Intervenções:

O modelo utilizado durante o estágio foi baseado na clínica psicanalítica, em que o paciente assume o protagonismo de sua história a partir da associação livre, em que ele relata suas vivências pessoais e seus sintomas, além disso caindo em uma constante repetição de atos sem a sua tomada consciente da situação. Além disso, percebe uma constante angustia relatada pelos pacientes diante as situações vivenciadas por ele, em conformidade com o recalcamento e resistência apresentado por todos perante os pontos principais de suas questões. Ao realizar a condução clinica por meio de indagações, essas questões acabam sendo trazidas a tona ao consciente do paciente e o mesmo por conta própria consegue perceber a cíclica repetição de atos em sua vida, que acabam conduzindo as suas escolhas e vivências do seu dia a dia, trazendo assim ele para sua realidade.

Competências e habilidade:

A experiência adquirida no estágio se caracteriza de suma importância para o desenvolvimento do profissional em formação, visto que a prática clínica orientada é o passo inicial de formação do estudante em psicologia atuante na área clínica. Além disso as habilidades desenvolvidas durante os atendimentos são de suma importância para o desenvolvimento profissional do psicólogo em formação, principalmente a escuta que é o viés principal da prática em psicologia.

Também foi possível perceber a aplicação das teorias psicanalíticas no âmbito clinico, onde é observado o papel do analista frente as demandas do paciente, sem a presença de um saber enraizado e centrado no analista, pois dentro da clínica não existe saber absoluto e o espaço é totalmente direcionado pelas questões do cliente. Ficaram evidentes também por meio de observações clínicas, as questões relacionadas a resistência dos pacientes, juntamente com a compulsão pela repetição do processo psicológico em geral, onde ele em partes é gerido pelo inconsciente que acaba direcionando os rumos do paciente.

Fica evidente dessa forma a total importância da prática presencial vivenciada por meio do estágio clínico para a formação profissional do psicólogo, que se identifica com a clínica psicanalítica, além do constante e necessário desligamento do psicólogo de seus preceitos ideológicos, e pessoais para o andamento correto dos casos clínicos, e que a clínica seja totalmente voltada para o saber desenvolvido do cliente e não do psicólogo.

Referências:

Freud, S. (1976). O mal-estar na civilização. In O futuro de uma ilusão, o mal-estar na civilização e outros trabalhos (edição standard brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. XXI (pp. 75-174). Rio de Janeiro: Imago. (Texto original publicado em 1930)

Freud, S. (1980). Recordar, repetir e elaborar (Novas recomendações sobre a técnica da Psicanálise II). In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 12, pp. 191-203). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1914)

Jacqueline de Oliveira Moreira (2005). A alteridade no enlaçamento social: uma leitura sobre o texto freudiano "O mal-estar na civilização", Belo Horizonte.