Relatório de estágio supervisionado básico da acadêmica de psicologia Dalila Nogueira Lopes, discente do 8º período de Psicologia sob supervisão da Professora Francesca Stephan Tavares. Este relatório abrange o período de 10 de agosto 2020 a 25 de novembro 2020, com carga horária total de 80 horas que ocorreu no formato Remoto.

Objetivo do Estágio: Objetivo Geral: Oferecer acolhimento psicológico on-line a grupos considerados de vulnerabilidade tanto física quanto psicológica durante a pandemia de COVID-19. Objetivos Específicos: Realizar acolhimento psicológico a pessoas com dificuldades emocionais em decorrência do isolamento social; fazer psicoeducação em saúde mental através de página no Facebook e Instagram. Público alvo: pessoas com dificuldades emocionais em decorrência do isolamento social.

Práticas, procedimentos e intervenções: Considerando-se a atual situação mundial, com todas as problemáticas advindas da Pandemia causada pelo vírus da COVID-19, o impacto na saúde mental tornou-se preocupante. Por causa da sua severidade e alcance, houve a criação de diversas recomendações e programas com a finalidade de minimizar esses danos, dentre eles o acolhimento e auxílio voluntário, prestados por psicólogos e psiquiatras aqui no Brasil.

Sendo assim, o presente estágio, iniciou com a demanda de acolher pessoas que se encontravam em situação de vulnerabilidade por causa da pandemia. Ao observar isso, a organização dos participantes começou voltada para desenvolvimento do projeto de acolhimento, denominado Acolher Psi. Feito isso, e com o material de inscrição preparados, passamos para a etapa de divulgação, conseguindo assim inscrições para inicio do acolhimento. Conforme foi surgindo as demandas, fomos orientados e treinados para a realização da triagem e logo após o acolhimento.

Concluída a primeira parte do projeto, comecei a efetuar a minha primeira triagem remota com uma paciente, do sexo feminino, de aproximadamente 18 anos. Ela procurou o projeto com queixas sobre ansiedade, qualidade do sono e no relacionamento com a mãe, como também para se conhecer melhor e melhorar alguns pensamentos negativos que possui acerca da sua autoimagem. A partir daí, passamos para o acolhimento, tendo em média seis encontros e com a duração de uma hora, que eram acompanhados com a supervisão do estágio.

Dessa forma, inicialmente no acolhimento foi feito o rastreamento do sono e da alimentação, onde a paciente apresentou dormir e acordar muito tarde e constantemente não sentir fome. Assim, foi proposto para ela praticar a higiene do sono, com objetivo de fazer pequenas mudanças tanto em relação do sono quanto a alimentação. Acrescido a isso, houve a indicação de técnicas de relaxamento e controle da respiração para que seja feito antes de dormir e momentos de maior ansiedade.

Ao decorrer do acolhimento, a paciente apresentou dificuldade para lidar com frustrações e cobranças, por isso foi trabalhado a psicoeducação sobre a importância das emoções, de aceitar, entender e senti-las. Como também, informações acerca de distorções cognitivas e crenças catastróficas pois estas estavam impedindo de realizar atividades cotidianas e que lhe davam prazer. A paciente, demonstrou ao longo dos encontros pequenas evoluções na qualidade do sono, no autocuidado e mais disposição para realizar algumas tarefas diárias, contudo, ainda é relatado um certo desânimo e pensamentos negativos, dessa forma será apresentada a possibilidade de procurar a rede de apoio para dar continuidade a um tratamento.

Minha segunda paciente, também uma mulher, de 50 anos, disse na triagem que recorreu ao projeto por ter decidido parar de fumar e por não estar fazendo nenhum acompanhamento médico ou psicológico. Desde a triagem, se mostrou muito determinada e sem nenhuma vontade de voltar a usar o tabaco, contudo estava se sentindo mais nervosa e sem disposição para fazer algumas tarefas que antes te animavam.

O processo de acolhimento desta paciente teve duração de três encontros de mais ou menos uma hora, no qual ela relatou ser fumante a 30 anos. Dessa forma, observei a necessidade de conversamos sobre a relação que a pessoa estabelece com o cigarro e quais efeitos são comuns com a abstinência.  Ela se mostrou sempre muito disposta e ter muito apoio da sua família, passou a realizar técnicas de relaxamento e a mudar o foco do pensamento para coisas boas nos dias ruins; aos poucos expôs está mais disposta. No entanto, durante todo o acolhimento relatou sentir sua cabeça pesada e tonteira, por isso ao encerrar o acolhimento decidiu procurar um médico para fazer uns exames.

Findando ambos os acolhimentos, ficou notório que o período de Pandemia influenciou diretamente na saúde mental de ambas as pacientes. Exemplificando assim, que as pessoas em sua integralidade, sofreram mudanças nas dimensões biopsicossociais, sejam elas decorridas do medo e incertezas da doença ou através de reflexões e desconstruções proporcionadas também nesse momento.

Competências e habilidades: A analisar o campo de atuação profissional e seus desafios contemporâneos; analisar o contexto em que atua profissionalmente em suas dimensões institucional e organizacional, explicitando a dinâmica das interações entre os seus agentes sociais; avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, comportamental e afetiva, em diferentes contextos; coordenar e manejar processos grupais, considerando as diferenças individuais e socioculturais dos seus membros; atuar, inter e multiprofissionalmente e de forma integralizada, sempre que a compreensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar e; relacionar-se com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais requeridos na sua atuação profissional. Analisar a diversidade teórico-prática da Psicologia, compreendendo as teorizações mais apropriadas para a atuação do/a psicólogo/a social, compreendendo suas bases epistemológicas e metodológicas; Refletir e considerar sua responsabilidade, enquanto estagiário/a, na divulgação da prática do psicólogo/a social, reconhecendo suas competências e limitações na prática institucional, reconhecendo a necessidade de supervisão, autocuidado e educação permanente.

Referências bibliográficas usadas como suporte:

FARO, André et al. COVID-19 e saúde mental: a emergência do cuidado. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 37, 2020.

BECK, Judith S. Terapia cognitivo-comportamental. Artmed Editora, 2013.

LIPP, Marilda Emmanuel Novaes; YOSHIDA, Elisa Medici Pizão. Psicoterapias breves nos diferentes estágios evolutivos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012

PASSOS, Giselle Soares et al. Tratamento não farmacológico para a insônia crônica. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 29, n. 3, p. 279-282, 2007.