Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, VOL V (2020)

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Construção de materiais para incentivar a autonomia
Jakelline Filgueiras da Silva Souza, Cristina Toledo

Última alteração: 2020-11-27

Resumo


Relatório de estágio supervisionado básico da acadêmica de Psicologia Jakelline Filgueiras da Silva Souza, discente do 8º período de Psicologia, sob supervisão da Professora Cristina Toledo. Este relatório abrange o período de 18 de agosto de 2020 a 20 de novembro de 2020, com carga horária total de 100 horas e ocorreu no formato remoto.

Objetivo: Construir material terapêutico para ser usado em intervenções com crianças dentro de diversos contextos, como clínico ou escolar, baseado na terapia cognitivo-comportamental. Com base nos estudos sobre desenvolvimento infantil, apresenta-se como alvo deste trabalho fabricar materiais que estimulam a autonomia em crianças de 2 a 8 anos.

Público alvo: Psicólogos, profissionais da área escolar e familiares de crianças de 2 a 8 anos.

Práticas, procedimentos e Intervenções:

Inicialmente, de acordo com a área de interesse, foi escolhido o tema autonomia como base para a criação dos materiais terapêuticos. Sabe-se que trabalhar e incentivar a autonomia desde a infância é de extrema importância para que o desenvolvimento e amadurecimento da criança ocorra de forma saudável, acarretando menos prejuízos no futuro.

De acordo com Erikson (em Papalia & Feldman, 2013), a autonomia acontece quando a criança sente necessidade de explorar o mundo, e consegue fazê-lo quando também está acontecendo o amadurecimento físico, cognitivo e emocional. Além disso, a autonomia é marcada pela capacidade de autocontrole e autoconsciência, permitindo com que a criança troque o julgamento do outro pelo próprio.  Contudo, decidiu-se produzir dois materiais que podem ser usados juntos ou separadamente para estimular um comportamento mais autônomo, respeitando as limitações de cada faixa-etária.

O primeiro material a ser desenvolvido foi chamado de “Quadro de incentivo à autonomia”, cujo objetivo é reforçar comportamentos mais autônomos nas crianças, trabalhando em conjunto com os pais, tornando a realização dessa tarefa mais fácil e eficaz. O material dispõe de um quadro infantil, marcado com atividades diárias que podem ser escolhidas de acordo com a faixa etária de cada criança, abordando tarefas a serem realizadas no decorrer da semana. Da mesma forma, foi produzido outro quadro para que os pais pudessem acompanhar e incentivar o filho/a, reforçando a importância de deixá-lo realizar as ações sozinho. Diante disso, pode ser ressaltada a relevância do trabalho em conjunto com os pais, pois é importante que eles entendam o processo de deslocamento da dependência para autonomia e consigam manter um equilíbrio que será favorável para o desenvolvimento da criança.

O segundo material é composto por um livro, confeccionado por feltro, denominado “O que eu já consigo fazer?”. O objetivo do livro é que a criança, de forma lúdica, entenda e demonstre o que ela consegue ou não fazer. Além disso, ela também poderá interagir e aprender a fazer coisas novas, estimulando-a a realizar as atividades propostas. Ao longo do acompanhamento ela conseguirá, através das historinhas, perceber o que ela já aprendeu a fazer. No livro, foram confeccionados cenários nos quais realizam-se as atividades do dia-a-dia, retratando ações como: dormir sozinho, vestir-se sozinho, ir ao banheiro, tomar banho sozinho, escovar os dentes, amarrar o cadarço do próprio tênis, e brincar com os amigos. Todas as páginas são interativas, assim a criança não apenas ouve passivamente a história contada, mas também pode realizar as ações e, contudo, aprender com elas.

Por fim, todos os materiais citados foram aplicados em crianças que estavam dentro da faixa etária desejada para a realização do trabalho. Assim, pode-se destacar a importância da psicologia estar em uma busca constante por novos materiais e metodologias a serem utilizadas nos seus campos de atuação, suprindo também as diversas demandas que surgem.  Diante disso, Sakamoto (2011), diz que o trabalho do psicólogo é transformador e visa a promoção da saúde. Quando o terapeuta utiliza da criatividade para o acontecer dessas transformações, ele está contribuindo enormemente para o sucesso do processo clínico.

Competências e habilidades:

A partir da experiência desse estágio, foi possível adquirir competências e habilidades como: analisar o campo de atuação e seus desafios diante das novas formas de organização devido à pandemia; considerar o contexto  em que o sujeito está inserido e as relações interpessoais que o cercam; produzir conhecimento científico por meio da prática; identificar fenômenos de ordem cognitiva, comportamental e emocional em diferentes contextos; reconhecer as diversas formas de atuação do psicólogo; desenvolver a capacidade de relacionar teoria e prática, e planejar intervenções e criação de materiais terapêuticos.

 

Referências:

Papalia, D. E., & Feldman, R. D. (2013). Desenvolvimento humano. Artmed editora.

Sakamoto, C. K. (2011). Clínica psicológica: o manejo do setting e o potencial criativo. Boletim de Psicologia, 61(135), 149-157.