Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, VOL V (2020)

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Estágio em psicologia clínica e psicologia em saúde
Lanay Nunes Martins, Jaqueline Duque Kreutzfeld Toledo

Última alteração: 2020-12-08

Resumo


Relatório de estágio supervisionado básico do(a) acadêmico(a) de psicologia Lanay Nunes Martins, discente do 8º período sob supervisão do(a) Professor(a) Jaqueline Duque Kreutzfeld Toledo. Este relatório abrange o período de 17/08/2020 à 10/12/2020 com carga horária total de 80 horas e ocorreu de no formato remoto.

 

Objetivo do Estágio: Produzir conteúdo com base nos temas mensais estabelecidos, relacionando-os com os saberes psicanalíticos, para postagem nas mídias sociais do Núcleo Psicanalítico de Ubá – NUPSI.

 

Público-alvo: Profissionais e estudantes que possuem formação ou interesse na área psicanalítica e que desejam um espaço de troca teórica e clínica.

 

Práticas, procedimentos e Intervenções: Os estagiários foram divididos em dois grupos, pelos quais um professor ficou responsável por supervisionar. Cada grupo então precisou se organizar para produção dos conteúdos de forma que cada semana um grupo fosse o responsável por três postagens de textos, artes e/ou vídeos produzidos nas mídias sociais do NUPSI (Instagram e Facebook). Tais postagens se deram as terças-feiras, quintas-feiras e aos sábados e as temáticas mensais foram estabelecidas pelos próprios supervisores.

A primeira postagem pela qual nosso grupo ficou incumbido foi um vídeo e texto de apresentação do que se trata o Núcleo Psicanalítico de Ubá e um convite a todos os interessados por psicanálise que interagissem nas redes do núcleo através das postagens que se iniciariam.

O primeiro mês, setembro, teve por tema “Setembro amarelo: a morte em cena”. Começamos pela leitura do texto “Além do princípio do prazer” (1920) de Sigmund Freud, este que deu base para a produção dos dois textos que produzimos para a primeira semana, onde nos debruçamos a falar sobre os 100 anos dessa magnífica obra de Freud e como por coincidência no ano do centenário, a clínica psicanalítica se depara com sujeitos estarrecidos e impactados com a proximidade da morte que a pandemia devido ao Covid-19 trouxe, bem como de forma diferente, Sigmund se depara com o cenário pós guerra mundial quando produziu o texto citado.

Seguimos relacionando “Além do princípio do prazer” com o setembro amarelo, mês de combate ao suicídio. Falamos da relação e da tendência de todo corpo a morte e da pulsão de morte, citada também nessa obra quando Freud é interpelado pelas ditas neuroses de guerra.

Para as produções da semana seguinte que ficamos responsáveis, estudamos o texto “Recordar, repetir e elaborar” (1914) também de Freud, fazendo ligações com o primeiro texto trabalhado, discorremos na primeira postagem sobre o primeiro dualismo pulsional freudiano, na segunda postagem, sobre o segundo dualismo pulsional e na terceira e postagem fizemos um comparativo entre os dois dualismos, bem como uma mapa mental marcando a trajetória as produções freudianas dentro de ambos os dualismos, seguindo o livro “Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan - vol2: A clínica da fantasia (2010), de Marco Antônio Coutinho Jorge.

No mês de outubro, a temática estabelecida foi “Mulher, corpo e subjetividade”, e usando como apoio vídeos do youtube de grandes psicanalistas como Maria Lúcia Homem, Diana Corso e Cristian Dunker, o livro “Coisa de menina?” (2016) de Maria Lúcia Homem e Contardo Calligaris, passamos pelo seminário “Mais que” (década de 60) de Jacques Lacan para compreender a teoria da sexuação, até chegarmos em grandes autoras como Simone de Beauvoir, para compreender o feminino historicamente e tudo que foi imposto a ele, passando pela plasticidade do significante da mulher e das várias formas que ela pode ser e se transformar segundo a psicanálise. Assim construímos duas postagens e elaboramos uma terceira fazendo indicações literárias e cinematográficas pertinentes dentro dessa temática.

Na semana seguinte, nos debruçamos sobre a campanha outubro rosa, que possui enfoque no combate ao câncer de mama, fizemos a ligação de tal câncer com a psicanálise, sobre a perda da mama (mastectomia) e seu significante para a mulher e sobre o luto envolto no órgão perdido ou pela mulher que se perdeu com a doença. Como embasamento, utilizamos artigos e vídeos.

No último mês, novembro, de temática “Paternidade e masculinidade: o que é ser homem hoje?”, finalizamos o estágio com produções sobre a paternidade nos dias atuais, as mudanças nos significantes sobre o que é ser pai no mundo contemporâneo, e sobre o novembro azul onde propaga-se a campanha de prevenção e combate  ao câncer de próstata, fazendo uma ligação com a comprovada falta de cuidados masculinos com a própria saúde e discorrendo sobre a conexão de tais estigmas com a teoria edípica de Freud sobre o homem ser aquele responsável por instaurar a lei e a organização, onde logo associou-se à ideia de homem como um ser forte e provedor que não precisa de cuidados e não deve demonstrar vulnerabilidade, o que explica esse descaso masculino com a própria saúde até os dias atuais.

Todos os textos formulados por nosso grupo, foram construídos por nós estagiários bem como as artes que os acompanharam. Todos foram supervisionados e corrigidos pela supervisora Jaqueline e postados nos dias estabelecidos.

 

Competências e habilidades: O estágio realizado foi de imensa importância para minha formação. Agregou muito conhecimento dentro da área psicanalítica, tanto dos saberes, dos conceitos e da perspectiva histórica da área. Foi possível um pequeno aprofundamento (maior do que a grade curricular do curso permite) nesse primeiro contato com a psicanálise, e uma vez que enriqueceu minha base teórica, ajudou-me no desenvolvimento de uma segurança para futura prática clínica. Além do incentivo ao desenvolvimento das habilidades tecnológicas e manutenção de redes sociais necessárias para o mundo contemporâneo, bem como a construção de autonomia e manutenção da habilidade de trabalhar em grupo. Em suma, o estágio foi de grande aprendizado e agregou imensamente para minha formação profissional.

 

Referências bibliográficas usadas como suporte:

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo (1949). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

DIETTERLE, Patrícia Duarte. Aspectos subjetivos do câncer de mama feminino: uma leitura psicanalítica. Ijuí, RS: UNIJUI, 2016.

Ferreira DM, Castro-Arantes JM. Câncer e corpo: uma leitura a partir da psicanálise. Analytica. [Internet]. 2014 [Acesso 7 nov 2015];03(5):37-71.

FREUD, Sigmund Schlomo. Além do princípio do prazer (1920). Rio de Janeiro: Imago, 1976. (Col. Standard, v. XVIII)

FREUD, Sigmund Schlomo. Recordar, repetir e elaborar (1914). In: Obras Completas vol. X. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

GOMES, Resende. O pai presente: o desvelar da paternidade em uma família contemporânea. Psicol Teor Pesqui 2004; 20:119-25.

HOMEM, Maria; CALLIGARIS, Contardo. Coisa de menina? Uma conversa sobre gênero, sexualidade, maternidade e feminismo. 1ª edição. Campinas, SP, Papirus 7 mares, 2019).

JORGE, Marco Antonio Coutinho. Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan: volume 2: a clínica da fantasia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.