Última alteração: 2020-11-13
Resumo
INTRODUÇÃO: O nascimento é natureza íntima e privada, e buscando proporcionar um melhor atendimento às mães durante o processo de parir, a Organização Mundial de Saúde, institui um documento, denominado plano de parto. Na contra-mão deste, tem-se a mortalidade materna, que constitui-se em um importante indicador do acesso à assistência à saúde. Logo é fundamental agregar informações concernentes aos níveis e tendências da mortalidade materna, não somente pelo que ela estima em relação aos riscos do período gravídico-puerperal, mas também pelo que significa na saúde, em geral. OBJETIVO: Analisar as taxas de mortalidade no nordeste brasileiro em decorrência das disfunções no período gravídico-puerperal na última década. MÉTODO: Trata-se de um estudo quantitativo com dados secundários referentes às mortes por disfunções no período gravídico-puerperal na região nordeste do Brasil. Óbitos ocorrido nos anos de 2009 a 2018, alocados no Sistema de Informação sobre Mortalidade. As variáveis coletadas foram: ano do óbito, grupo etário, sexo e causa de óbito, sendo esta, baseada no Capitulo XV: “Gravidez, parto e puerpério” (códigos O00 a O99) da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - 10ª revisão (CID-10). Os dados foram analisados no programa Microsoft Excel/Word. RESULTADOS: O somatório de óbitos maternos na região nordeste brasileira foi de 6667, incluindo como causas as doenças do aparelho circulatório e eclâmpsia, sendo essa segunda responsável por 11% desses óbitos. Desse somatório, os óbitos diretamente obstétricos, na faixa etária de 10 a 49 anos, foi de 4392 o que corresponde a 65,9% do total de mortes maternas na região nordeste, já os indiretamente obstétricos correspondem a 1705 desses óbitos. Nessa região, o estado da Bahia representou 25,5% do total geral de óbitos, seguido pelos estados do Maranhão com 17,7% e do Ceará com 14,6%. Quanto ao período da ocorrência, 44,8% dos óbitos ocorreram durante o puerpério (até 42 dias após o parto), sendo a faixa etária mais atingida de 20 a 29 anos, que correspondeu a 40,9% dos óbitos. Por fim, foi observada uma redução geral do número de óbitos maternos entre 2008 e 2018 em cerca de 7%. CONCLUSÃO: Destaca-se que ainda que os dados sugiram uma redução no número de óbitos maternos, a maioria desses óbitos estão relacionados a causas evitáveis, o que evidencia a permanência de um grave problema de saúde pública. Nessa perspectiva, sugere-se estudos com abordagem comparativa do cenário nacional.