Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol IV (2019)

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PSICOSES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: uma reflexão sobre o olhar clínico e da sociedade diante de um paciente com transtornos mentais nessa faixa etária.
Nuno da Cunha Melo Cangussu, Larissa Abranches Arthidoro Coelho Rocha, José de Alencar Ribeiro Neto

Última alteração: 2019-10-15

Resumo


Introdução: O termo psicose pode ser caracterizado como um desarranjo mental, em que o pensamento, a resposta afetiva e a capacidade em compreender a realidade estão prejudicados. Acrescido a estes sintomas, o convívio social, geralmente, está afetado. O prejuízo em perceber a realidade adequadamente, delírios, alucinações e ilusões, são características das psicoses. A infância e adolescência são períodos de profundas mudanças, no que diz respeito ao desenvolvimento psíquico e é, portanto, uma idade fundamental para o início de transtornos mentais. Segundo Monteiro (2014), estudos realizados entre adolescentes evidenciaram que a ocorrência de experiências psicóticas nessa faixa etária está entre 17 e 18%. Diante disso, algumas interrogações devem surgir no raciocínio clínico do médico: identificar o que é um transtorno, do que é habitual para a idade de cada fase do desenvolvimento. As psicoses na infância e adolescência, de uma maneira geral, podem ser confundidas com algumas dificuldades que indivíduos nesse período podem experimentar, como por exemplo, a separação dos pais, mudança de escola, agressões, abusos ou outros eventos traumáticos. Dentre os transtornos psicóticos, a esquizofrenia, palavra de origem grega e que significa mente dividida, é uma condição grave e incapacitante que leva a alterações do pensamento, percepção e emoção, que merece uma atenção especial, pois se diagnosticada e tratada precocemente, as chances de um melhor prognóstico são ampliadas. Em muitos casos, a doença se manifesta por uma mudança de comportamento do paciente, por reações estranhas aos pais ou por uma forma de interpretar o mundo de uma maneira que nem sempre é o usual. Segundo Werry, et al (1994), os fatores psicossociais possuem uma influência muito importante no desenvolvimento da esquizofrenia, além de fatores genéticos que são comprovadamente associados a esse transtorno. Objetivo: O presente ensaio visa salientar a importância de que os profissionais de saúde e da sociedade possam expandir o olhar frente a um indivíduo da infância e adolescência, que apresente transtornos psicóticos e que muitas vezes são subnotificados, pela falsa impressão de que esses sintomas são inerentes a esse período da vida. Metodologia: O método de pesquisa se baseia na revisão bibliográfica acerca das psicoses na infância e adolescência, além da dificuldade diagnóstica desses transtornos nessa faixa etária. Resultados e discussão: Historicamente os indivíduos, geralmente, idealizam que as pessoas durante o período da infância e adolescência, devido à multiplicidade de circunstâncias que interagem nessa faixa etária, não possam apresentar transtornos mentais, tanto pelo estigma, quanto pela descrença e falta de conhecimento em relação a essas doenças. Frente a isso, nota-se que esse fato é uma das principais causas de subdiagnóstico, subtratamento, além de que isso possa gerar um sofrimento ainda maior para esses pacientes. É de fundamental importância de que médicos e profissionais de saúde tenham um olhar clínico ampliado, frente as crianças e adolescentes que apresentem sintomas psicóticos. Conclusão: Conclui-se que as psicoses durante o período da infância e adolescência são transtornos mentais que devem ser destacados, tanto pelos profissionais de saúde, quanto pela sociedade de uma maneira geral, para que esses pacientes possam ser diagnosticados, tratados e inseridos na sociedade.