Última alteração: 2019-10-15
Resumo
Introdução: Dados estatísticos mundiais revelam que, por ano, cerca um milhão de pessoas vão a óbito por suicídio, gerando uma taxa global de 16 mortes por 100 mil habitantes, significativamente maior que a combinação entre as oriundas de guerras e homicídios (Associação Brasileira de Psiquiatria, 2014). De maneira global, a mortalidade por suicídio aumentou 60% nas últimas 5 décadas e em muitos países desenvolvidos o suicídio é elencado entre as dez principais de óbitos, caracterizando-se entre as duas ou três mais frequentes em adolescentes e adultos jovens (OMS, 2014). Em relação a população idosa, estudos explicitam que, em diversos países, o óbito por suicídio em idosos tem se mostrado um grande problema de saúde pública, tendo como principal motivo o aumento mundial desta população (MINAYO e CAVALCANTE, 2010; SACHS-ERICSSON et al., 2014). De acordo com Berlinck (2000) as fases da velhice e da adolescência possuem semelhanças, sobretudo em relação às mudanças psíquicas e físicas ocorridas nestas, sendo fundamental implementar ações a fim de combater os agravos e o adoecimento psíquico nesses ciclos de vida (BOTEGA, 2007). Em relação aos dados da Organização Mundial de Saúde, observa-se que no Brasil, indivíduos com idades entre 15 e 24 anos e acima de 75 anos, são mais vulneráveis ao suicídio (OMS, 2014), sendo, por isso, de extrema importância realizar a caracterização sociodemográfica da mortalidade por suicídio no estado de Minas Gerais, sobretudo para que ações preventivas possam ser pensadas e implementadas efetivamente. Objetivo: Identificar o perfil sociodemográfico da mortalidade por suicídio no estado de Minas Gerais na última década. Método: estudo quantitativo, descritivo, que utilizou dados secundários referentes à morte por suicídio no Brasil entre os anos de 2007 a 2016, registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e disponíveis na Internet por meio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Brasil, 2016). Foram considerados como suicídio todos os óbitos causados com essa intencionalidade pelo próprio indivíduo, segundo a Classificação Internacional de Doenças, 10ª revisão (CID10), códigos X60 a X84. Os dados foram analisados no programa Microsoft Excel/Word 2013. Resultados: o quantitativo de óbitos notificados no SIM, ocorridos de 2007 a 2016 em Minas Gerais em decorrência do suicídio foi de 11.946. Houve predominância do sexo masculino, representando 78,19% dos casos. O suicídio foi mais prevalente em indivíduos de 30 a 39 anos idade, somando nessa idade 2.691 óbitos, o que representa 22,52% do total geral. Quando se analisa esta faixa etária com as de 40 a 49 anos (21,15%) e 20 a 29 anos (21,02%) é possível perceber que não existe diferença significativa entre a ocorrência de óbitos nestas faixas etárias. Destaca-se que os óbitos na idade de 15 a 64 anos (idade economicamente ativa), representam 99,25%. Em relação a escolaridade, o maior quantitativo de óbitos está relacionado com possuir de quatro a sete anos de estudo (17,93%). Os dados analisados no estudo em questão demonstram que ter o estado civil no status de solteiro, configura-se como um fator de risco para o suicídio, sobretudo pelo fato de estes óbitos, somarem 47,33% dos óbitos. Deste modo, os resultados deste estudo são consonantes aos de outros estudos na temática. Em relação ao local de ocorrência do óbito, a maioria dos óbitos foram no domicílio (54,71%). Conclusão: o suicídio é um problema de saúde pública no estado de Minas Gerais, sendo fundamental a realização de novos estudos na temática, a fim de analisar os fatores genéticos, psicodinâmicos, socioculturais, ambientais, filosóficos e existenciais, dos grupos de maior risco/vulnerabilidade. Conhecer a expressão e magnitude deste fenômeno, tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos, pode oferecer subsídios para que sejam implementas ações efetivas de combate ao suicídio no estado.
Palavras-chave: Suicídio, Morte.
Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Suicídio: informando para prevenir / Associação Brasileira de Psiquiatria, Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio. – Brasília: CFM/ABP, 2014. 52p
BERLINCK, M. T. Psicopatologia Fundamental. São Paulo:Escuta, 2000. 407 p.
BOTEGA, Neury José. Suicídio: saindo da sombra em direção a um Plano. Nacional de Prevenção. Rev Bras Psiquiatr. Rio de Janeiro. v. 29, n. 1, p. 07-08, fev. 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Coordenação Geral de Informações e Análises Epidemiológicas. Sistema de Informações sobre Mortalidade, 2016. Disponível em: <tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def>. Acesso em: 18 ago. 2018.
Classificação Internacional de Doenças (CID10). Lesões autoprovocadas intencionalmente X60-X80. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/x60_x84.htm>. Acesso em: 18 ago. 2018.
MINAYO, Maria Cecília De Souza; CAVALCANTE, Fátima Gonçalves. Suicídio entre pessoas idosas: revisão da literatura. Rev Saúde Pública. Rio de janeiro, v. 44, n. 4, p. 750-757, jan./mar. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v44n4/20.pdf>.Acesso em: 18 ago. 2018.
SACHS-ERICSSON, Natalie et al. Differences between suicide attempters and non-attempters in depressed older patients: depression severity, white matter lesions, and cognitive functioning. Am J Geriatr Psiquiatria., v. 22, n. 1, p. 75-85, jan. 2014. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmc4155401/>.Acesso em: 18 ago. 2018.