Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol IV (2019)

Tamanho da fonte: 
TRANSTORNOS MENTAIS NA POPULAÇÃO INFANTOJUVENIL EM MINAS GERAIS E INTERNAÇÕES HOSPITALARES DECORRENTES DESTES
Carolina Souza Pinto, João Vitor Andrade, Eduardo Frias Corrêa Oliveira, Jayne Ribeiro Elias, Shirley Aparecida da Silveira

Última alteração: 2019-10-15

Resumo


Introdução: transtornos mentais são caracterizados por uma combinação de pensamentos, percepções, emoções e comportamento anormais (APA, 2014). No público infanto juvenil esses transtornos podem afetar o neurodesenvolvimento, as funções cognitivas e a inserção nas relações sociais (APA, 2014). Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2018), 20% das crianças e adolescentes apresentam um ou mais distúrbios mentais diagnosticáveis e um em cada seis indivíduos entre 10 e 19 anos, possui um transtorno mental. O que torna as condições de saúde mentais responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões na faixa etária de 10 a 19 anos (OPAS, 2018). Destaca-se que metade de todas as condições de saúde mental começam aos 14 anos de idade, mas a maioria dos casos não é detectada nem tratada ocasionando prejuízo ao longo da vida (OPAS, 2018).No Brasil a prevalência transtornos mentais que acometem o público infantojuvenil é de 7 a 12,7% (PAULA; DUARTE; BORDIN, 2007). Sendo recente o reconhecimento pelas instituições governamentais que a saúde mental do público infantojuvenil é uma emergente questão de saúde pública, o intento do presente é quantificar as internações hospitalares de crianças e adolescentes relacionadas a transtornos mentais. Objetivo: esse trabalho tem o propósito de quantificar o número internações hospitalares de crianças e adolescentes em decorrência dos transtornos mentais no estado de Minas Gerias. Método: o presente constitui-se em um estudo transversal com abordagem quantitativa, feito com base em dados secundários referentes às internações hospitalares de crianças e adolescentes em decorrência dos transtornos mentais no estado de Minas Gerias entre os anos de 2010 a 2019, alocados no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Para a definição clara do que são transtornos mentais e comportamentais, utilizou-se a Classificação Internacional de Doenças, 10ª revisão, tendo como base os códigos CID - F00-F99, transtornos mentais. Para análise dos dados, utilizou-se o programa Microsoft Excel/Word 2013. Por fim, os dados analisados foram sistematizados em tabelas de distribuição de frequência para apresentação descritiva dos achados. Resultados: no período analisado, foram registradas 10.667 internações de crianças e adolescentes em decorrência de transtornos mentais e comportamentais. Destaca-se que 26,29% (2.805) das internações foram relacionadas aos transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substancias psicoativas. Em relação a esse resultado, enfatiza-se a preocupação que o mesmo gera e concomitantemente obriga-nos a pensarmos sobre a necessidade da criação de políticas públicas mais rígidas e de leis mais efetivas, afim de diminuir o acesso de nossas crianças e adolescentes às substancias psicoativas. Outros 22,89% (2.442), estavam relacionados à esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes e 21,04 (2.245) foram decorrentes de outros transtornos mentais e comportamentais. Quanto ao sexo, 61,25% (6.534) dos indivíduos internados, eram do sexo masculino. Tratando-se da raça/cor, 39,84% (4.250), dos indivíduos eram de raça/cor parda e 31,15% (3.323) de raça/cor branca. Ratifica-se que nos dados analisados percebe-se que ocorreu um aumento de 245,16 no número de internações hospitalares de crianças e adolescentes em decorrência de transtornos mentais no período analisado. Ante a esse achado que muito nos preocupa, é fundamental uma organização de todas as instâncias responsáveis pelo cuidado e proteção da criança e do adolescente, visando a estruturação de ações que minimizem a ocorrência de transtornos mentais no público infantojuvenil, bem como seus agravos. Conclusão: os resultados deste, explicitam o quantitativo de internações hospitalares de crianças e adolescentes em decorrência de transtornos mentais e de comportamento. Por fim, vale destacar que somente com a organização da Rede de Atenção Psicossocial e a articulação desta setores sociais, é que teremos a garantia de uma atenção integral à saúde mental das crianças e adolescentes.

Palavras-chave: Transtornos Mentais; Internações Hospitalares; Saúde Mental; Infantojuvenil.

REFERÊNCIAS

APA - American Psychiatric Association. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde. Folha informativa sobre os Transtornos Mentais, 2018. Disponível em: https://www.abp.org.br/. Acesso em: 26 set. 2019.

PAULA, C. S.; DUARTE, C. S; BORDIN, I. A. S. Prevalência de problemas de saúde mental em crianças e adolescentes da periferia da cidade de São Paulo: necessidades de tratamento e avaliação da capacidade de atendimento. Rev. Bras. Psiquiatr. São Paulo, v. 29, n. 1, p. 11-17, março de 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462007000100006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 set. 2019.