Última alteração: 2019-10-15
Resumo
Introdução: o câncer de pulmão figura a nível mundial como o câncer mais incidente e mais mortal, desde meados de 1980. E seguindo esta tendência mundial, no Brasil, o mesmo encontra-se como o segundo mais incidente em homens e o quarto mais incidente em mulheres (INCA, 2018). Estimativas do ano de 2012, apontaram que teríamos 1,8 milhão de novos casos, sendo 1,24 milhão de homens e 583 mil em mulheres (JEMAL, 2014). Destaca-se que mais de 80% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao consumo de derivados de tabaco (INCA, 2018). Ante a isso, enfatiza-se que tanto o ato de ser tabagistas como a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão (INCA, 2018). Como a maioria dos casos são diagnosticados em estágios avançados, a taxa de sobrevida relativa de um indivíduo diagnosticado com câncer de pulmão é curta. Dados do Instituto Nacional de Câncer (2018), revelam que tratando-se de ambos os sexos, apenas 18% dos indivíduos alcançam a sobrevida de 5 anos. Ante a importância epidemiológica que o câncer de pulmão possui, faz-se necessário quantificar os Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP) no Brasil em decorrência do mesmo. Objetivo: quantificar os APVP em decorrência de neoplasias malignas de pulmão na última década. Método:o estudo quantitativo, desenvolvido por meio de dados secundários referentes a mortalidade por câncer de pulmão no Brasil na última década (2008-2017). Estes dados são do Ministério da Saúde e estão alocados no Sistema de Informação Sobre Mortalidade (BRASIL, 2017). Para a coleta dos dados, teve-se como referência a Classificação Internacional de Doenças, utilizando a 10ª revisão. Sendo considerado câncer de pulmão o código (CID - C34). Para o cálculo dos APVP considerou-se que a expectativa média de vida da população brasileira até 2017 era de 70 anos. E a técnica utilizada para o cálculo, é descrita por Andrade e colaborados (2018). Para análise dos dados, utilizou-se o programa Microsoft Excel/Word 2013. Resultados: o número de óbitos notificados no Sistema de Informação Sobre Mortalidade, de indivíduos com até 69 anos de idade, em decorrência do câncer de pulmão nos anos de 2008 a 2017 foi de 240.212 o que totaliza 1.555.543 APVP. Destes óbitos, 144.996 (60,36%), ocorreram no sexo masculino e 39,36% no sexo feminino. Percebeu-se que a ocorrência dos óbitos é prevalente na faixa etária de 40 a 69 anos, representando 90,19% do total geral. O maior quantitativo de APVP foi entre indivíduos de 50 a 59 anos, sendo que nessa faixa etária temos o somatório de 691.036 APVP. Quanto à evolução histórica dos óbitos pelo câncer de pulmão no Brasil, pode-se observar um aumento de 35,48% destes no período analisado. Evidenciando então que o câncer de pulmão é importante e crescente problema de saúde pública, sobretudo, pelo fato de ser uma doença evitável. Ratifica-se que os achados dessa pesquisa evidenciam a necessidade de se ampliar o olhar em relação as medidas preventivas já existentes em relação ao combate ao tabaco e derivados, uma vez que estes são diretamente responsáveis pela elevada ocorrência do câncer de pulmão (INCA, 2018). Conclusão: na década analisada, percebe-se que o câncer de pulmão foi responsável por uma elevada carga na mortalidade dos brasileiros, haja vista que o mesmo ocasionou a perda de 1.555.543 anos potenciais. Assim, espera-se que o presente sirva de base para novos estudos e subsidie o desenvolvimento de ações práticas, como atividades de educação em saúde, junto à comunidade, afim de demonstrar a amplitude da doença e o quão drástica a mesma é socialmente. Apontando estratégias e possibilidades aos indivíduos que tem risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão.
Palavras-chave: Câncer; Anos Potenciais de Vida Perdidos; Pulmão.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, J. V. et al. Anos Potenciais de Vida Perdidos no Brasil na última década em decorrência do Câncer. In: X SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECONOLOGIA DE VIÇOSA, 10, 2018, Viçosa. Anais. Viçosa: FAVIÇOSA, Junho, 2018. Disponível em: <https://academico.univicosa.com.br/revista/index.php/RevistaSimpac/article/view/1133>. acesso em 29 ago. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Coordenação Geral de Informações e Análises Epidemiológicas. Sistema de Informações sobre Mortalidade, 2017. Disponível em: <tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def>. acesso em 29 ago. 2019.
JEMAL, A. et al. The Cancer Atlas. Second Ed. Atlanta, GA: American Cancer Society, 2014.
CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997.
INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2018. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/estimativa/2018/estimativa-2018.pdf>. acesso em 29 ago. 2019.
JEMAL, A. et al. The Cancer Atlas. Second Ed. Atlanta, GA: American Cancer Society, 2014.