Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, Vol IV (2019)

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ANÁLISE DOS ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS NO BRASIL EM DECORRÊNCIA DA MORTALIDADE POR TRAUMA
João Vitor Andrade, Eduardo Frias Corrêa Oliveira, Marília Dutra Teixeira, Jayne Ribeiro Elias, Carolina Souza Pinto, Luiza Possa Pereira, Shirley Aparecida da Silveira

Última alteração: 2019-10-15

Resumo


Introdução: o trauma é conceituado como um incidente resultante de uma ação repentina, que causa lesões e danos variados em ambos os envolvidos, podendo em alguns casos ser fatal (MONTEZELI et al., 2009). Destaca-se que segundo Andrade e Jorge (2017), a mortalidade em decorrência do trauma, constitui-se como um problema, visto que contribuído para a sobrecarga dos serviços públicos hospitalares, resultando em gastos exorbitantes para as instâncias responsáveis pela gestão dos serviços de Saúde. O trauma, também chamado de causa externa, figura como a principal causa de morte entre adultos jovens com idade de 15 a 29 anos e a terceira causa na faixa etária de 30 a 44 anos (OMS, 2015). Destaca-se que duas maneiras de se analisar o impacto de uma causa de óbito, avaliando se a mesma é preocupante é pela quantificação dos Anos de Vida Perdidos por Incapacidade e dos Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP). Objetivo: quantificar os APVP no Brasil nas últimas duas décadas em decorrência do trauma. Método: o presente estudo é de natureza quantitativa, conduzido a partir de dados secundários referentes à morte por causas externas no Brasil entre os anos de 1998 a 2017. Estes dados estão alocados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (BRASIL, 2017). Para clarificação do que são causas externas, utilizou-se a Classificação Internacional de Doenças, 10ª revisão, tendo como base o Capítulo XX. Quanto a contabilização dos APVP fez-se utilizo da técnica descrita por Andrade et al., (2018), para análise dos dados, utilizou-se o programa Microsoft Excel/Word 2013. Resultados: o somatório de óbitos com indivíduos na faixa etária de 0 até 69 anos de idade, em decorrência de trauma no intervalo de tempo analisado, foi de 2.426.087o que totaliza 89.257.169 APVP. Do total geral dos óbitos, 83,07% ocorreram no sexo masculino e 16,93% no sexo feminino. Em relação aos óbitos na idade economicamente ativa (faixa etária de 15 a 64 anos), estes representam 91,08% e totalizam 80.106.077 APVP. Percebeu-se que mesmo a ocorrência dos óbitos sendo prevalente na faixa etária de 20 a 29 anos, representando 26,86% do total geral, ressalta-se que esse dato explicita um acentuado problema de saúde publica, visto que nessa faixa etária os indivíduos estão no ápice da idade economicamente ativa. Quanto ao local de ocorrência dos óbitos, 33,54% destes ocorreram em vias públicas e 11,79% em domicílio. Esse dado chama-nos atenção uma vez que temos mais de 45% dos óbitos ocorrendo em locais sem insumos, mão de obra e tecnologia afim de intervir efetivamente e com maior possibilidade de alteração do quadro clinico dos indivíduos. Conclusão: este trabalho, demonstra a utilização do indicador APVP, cuja sensibilidade pode colaborar na orientação e no planejamento em saúde, visando a definição de prioridades concernentes a prevenção de óbitos, bem como no controle de programas e ações implementadas para a minimização da mortalidade. Por fim, destacamos que os traumas ocasionam a perda de muitos anos potenciais de vida, e para além disso, privam a sociedade do potencial do indivíduo que veio a óbito. Ademais, faz-se necessário o desenvolvimento de novos estudos e de ações preventivas que eduquem a sociedade e demonstrem a responsabilidade de cada um para a redução da mortalidade por trauma no Brasil.

Palavras-chave: mortalidade; trauma; anos potenciais de vida perdidos.

 

Referências:

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