Última alteração: 2018-10-10
Resumo
Introdução: A comunidade surda possui uma crença cultural e linguística própria e muitas vezes não é respeitada na sua essência,passando por discriminação, por vezes, nos serviços públicos. Na área da saúde, os surdos são submetidos à grandes intempéries relacionadas a falta de cumprimento de acessibilidade ao SUS. O fato acomete, a priori, pelo distanciamentocomunicativo. Os pacientes surdos experimentam situações que perpassam entre o receio, a desconfiança, a frustração, muitas vezes, desamparados de informações que minimizariam estas problemáticas. Ainda neste cenário, acabam por não procurar o sistema de saúde. Há tempo, os direitos aosserviços de saúde desurdos e pessoas com deficiência auditiva estão estabelecidos pela Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, todavia, o sistema público de saúde ainda apresenta muita dificuldade no atendimento dessa parcela dos usuários. Objetivo: Diante do que foi apresentado, o objetivo deste estudo visa pesquisar e analisar as produções científicas existentes com relação às intempéries enfrentadas pelos surdos na acessibilidade à saúde. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, que se consolida naavaliação de estudos publicados em relação aos principais obstáculos vivenciados pela comunidade surda no acesso à saúde. Resultados e discussão:Ao realizar a análise dos artigos resultantes da pesquisa nas bases de dados, constatou-se que a falta do aprendizado da LIBRAS é a principal lacuna para que o atendimento das pessoas surdas nos serviços de saúde não seja humanizado. Decerto a dificuldade de comunicação estabelecida atrapalha na realização da prevenção, uma vez que as intercorrências negativas para o acesso retardam os cuidados iniciais de doenças que poderiam cursar de forma mais amena, evitando internações, o que reflete no desconhecimento em relação à prevenção de diversas afecções clínicas. Tais condições, também são corroboradas pelo déficit da relação profissional-paciente, onde muitas vezes é prejudicada pela necessidade da presença de um intérprete ou membro da família podendo levar ao constrangimento do paciente em questão, além da confidencialidade, outros princípios da ética em saúde, como autonomia do paciente e individualização do tratamento da pessoa, que podem ser negligenciados quando há o viés de um terceiro participante intermediando as informações. Aliado a essa barreira comunicacional está o desconhecimento da Língua Brasileira de Sinais, o que gera como consequência a demora por procura de atendimento médico, evitando atenção primária, com a maioria das consultas realizadas em hospitais ou em cidades vizinhas. Além disso, os resultados afirmam que, no caso das pessoas surdas, as informações em saúde são limitadas, principalmente devido à dificuldade de comunicação já citada na discussão. Quanto ao processo de inclusão social da comunidadesurda, observa-se o déficit em políticas públicas que visem suaintegração , bem como medidas que otimizem a comunicação desses grupos com o restante da população e o acesso a diferentes mídias de informação. Conclusão: Conclui-se que, o principal obstáculo enfrentado pela comunidade surda no acesso à saúde está ligado à barreira linguística, em virtude de diversas questões, como: falta de treinamento dos profissionais de saúde, ausência de adaptações para pacientes surdos e a carência na humanização da relação médico-paciente surdo, isto devido à presença de um acompanhante ou intérprete nos atendimentos médicos, deixando o mesmo menos integral, menos sigiloso e, menos humanizado. O baixo conhecimento do processo saúde-doença pelo indivíduo surdo, em virtude da marginalização deste nas campanhas, orientações preventivas e falta de acesso às informações de educação em saúde também foi apontado pelos artigos revisados. Mínimas mudanças são suficientes para transformar a assistência à saúde do individuo surdo, acolhendo-o dentro do sistema de saúde, de maneira humanizada, e diminuindo a marginalização enfrentada.