Introdução: A história das pessoas com surdez passa por quatro momentos que se concretizam naexclusão, segregação, integração e inclusão. Até a década de 1940, os deficientes eram excluídos da sociedade. No século XX, criaram-se grandes instituições para abrigá-los em regime de internato como forma de segregação. O movimento da integração ocorreu nas décadas de 1950 a 1980 e era contra a política de segregação propondo que as pessoas com deficiência se adaptassem ao meio social. Por fim, na década de 1980, surge a concepção de que a família e a sociedade é que devem adaptar-se às necessidades de todas as pessoas.Nesse cenário de inclusão social, a falta de comunicação passa a ser um obstáculo a ser superado, principalmente na área da assistência à saúde. Mesmo assim, por vezes,a barreira de comunicação é verificada na interação entre surdos e profissionais de saúde, inviabilizando um atendimento humanizado, portanto, torna-se indispensável que ambos encontrem formas de interagirem para garantir uma assistência de melhor qualidade. Neste cerne, cabe às instituições públicas e à sociedade, de modo geral, proporcionar meios para que a inclusão social possa verdadeiramente acontecer. É válido destacar que as normas legais em vigor prezam pelaassistência à saúde e garantia ao atendimento e tratamento adequado as pessoas com surdez. Os surdos brasileiros possuem como língua materna a Língua Brasileira de Sinais que é uma modalidade viso-espacial, reconhecida legalmente como língua oficial da comunidade surda em nosso país. A LIBRAS é um instrumento de poder e aos surdos não pode ser negado o direito de usufruir dos benefícios de uma língua, portanto, aceitar a diferença dos surdos e conviver com a diversidade humana é um desafio proposto à sociedade, incluindo oatendimento adequado na área da saúde, diante de suas necessidades.Objetivo: Este estudo consiste em discutir a assistência aos surdos na área de saúde como fator de inclusão social; investigarcomo se estabelece o vínculo com os profissionais da saúde e verificar percepções dos surdos quanto à presença de intérpretes de Língua de Sinais na assistência à saúde.Metodologia: Ométodo se consolidou na natureza descritivo-analítica com abordagem qualitativa. A amostra contou com a participação de 20 pessoas surdas com idade acima de 18 anos. O instrumento de coleta de dados foi entrevista com questões explicadas e traduzidas em LIBRAS e a análise se concretizou na interpretação de conteúdos. Resultados e discussão:Dificuldades de comunicação com os profissionais da saúde foram relatadas em 100% dos entrevistados. A necessidade dos surdos serem compreendidos pelos profissionais de saúde, torna-se visível nos seus relatos e o comportamento não verbal impede um vínculo efetivo entre paciente e profissional, portanto, seria essencial o aprendizado da LIBRAS na formação desses profissionais. Acredita-se que a escrita poderia ser um meio eficaz de comunicação, mas essa não foi à realidade percebida, uma vez que para eles a Língua Portuguesa não é a primeira língua e sim a LIBRAS. Observou-se que os surdos valorizam a presença do intérprete, mas com algumas ressalvas como a confiança e o constrangimento de se expor frente a estes, principalmente durante um atendimento médico. Conclusão: Arelação profissional da saúde e paciente surdo precisa ser melhorada porque para os surdos o atendimento digno é atingido quando são compreendidos em suas necessidades, sendo imprescindível para sua inclusão na saúde.Imagina-se que a presença do intérprete solucionaria todos os problemas de comunicação, entretanto, verifica-se que nem sempre é assim que ocorre. A atuação do intérprete melhora, mas não contribui totalmente para a inclusão do surdo.Responder às dificuldades dos surdos quando procuram atendimento à saúde é dever de todos profissionais comprometidos em colaborar na construção de uma sociedade inclusiva.