Introdução: É notório, no Brasil, que a população surda enfrenta uma colossal dificuldade no que tange ao atendimento clínico. Fato este, comprovado mediante os índices de morbimortalidade nesse segmento da sociedade, reafirmado por percentuais altos e alarmantes. Acresce-se ainda, que o atendimento psiquiátrico nacional já é, também, deficitário e assim, ao se somar as duas realidades crê-se que o atendimento a saúde tanto física quanto mental dos surdos está longe de ser aquele preconizado na lei 8.080 de 1990 que ratifica o SUS e preconiza uma atenção à saúde embasada em princípios doutrinários como: Universalidade, Equidade e Integralidade. As leis orgânicas da saúde assim como a Constituição Brasileira resguardam que a saúde é um bem de todos e dever do Estado. Neste viés, é imprescindível ao sistema de saúde providenciar e legitimar medidas que garantam atendimento aos indivíduos que sofrem com anacusia. Sabe-se que um paciente psiquiátrico possui uma maior dificuldade em Letramento Funcional em Saúde (LFS) devido a sua limitação mental imposta na maioria dos quadros clínicos em que apresentam, já o surdo possui uma barreira física que na maior parte das vezes, no Sistema de Saúde Brasileiro, também prejudica seu LFS. Objetivo: O presente estudo tem a ambição de não só tratar desse assunto tão pouco discorrido na literatura de forma clara, objetiva e que auxilie futuros colegas em sua prática clínica, como também, promover uma maior conscientização acerca desses assuntos que abrangem duas grandes áreas na saúde, e que muitas das vezes são negligenciadas e tratadas como personagens secundárias, fazendo com que inúmeros indivíduos com desfechos preveníveis acabem por ter sua saúde posta a prova em cenários totalmente banais. Metodologia: O trabalho tem por base a revisão bibliográfica de legislações que ratificam o Sistema Único de Saúde e literaturas que abordam a temática do atendimento à saúde dos surdos e pacientes psiquiátricos. Resultados e Discussão: Até o final do século 19 e início da década de 1940, os surdos eram considerados inúteis e indivíduos coadjuvantes na saúde pública permanecendo sempre às margens da sociedade. Atualmente já se nota um esforço, ainda que ineficiente não é inexistente, por parte do Estado brasileiro em promover políticas de inclusão social que visam dar mais autonomia e liberdade a esses cidadãos. Políticas essas, que variam desde a implementação da Lei Federal nº 10.436/02 que respalda a garantia do atendimento em saúde de qualidade aos surdos, seja em instituições públicas ou privadas, até a alocação da disciplina LIBRAS nos cursos de Medicina no Brasil. Assim nota-se, mesmo que lento, o progresso no que concerne a atenção aos surdos. Todavia, o que não se percebe é uma política ou uma ação voltada especificamente para o letramento funcional em saúde de pacientes surdos com distúrbios psiquiátricos, e acredita-se se fazer necessário, pois nesse contexto se somam duas distintas, em porções da sociedade que já é evidente haver um prejuízo no que se diz respeito ao seu LFS. Foi realizado um estudo por alunos da USP em um de seus Hospitais Universitários (HU) em que realizavam o letramento de pacientes surdos e nele obtiveram sucesso no trabalho focal  na alfabetização cultural e funcional de surdos, os capacitando da necessidade de busca pelo atendimento e cuidados com a saúde. Conclusão: Portanto, reitera-se a importância do sistema de saúde elaborar intervenções para que tanto os profissionais da saúde se desenvolvam principiados na comunicação pela LIBRAS, quanto uma política que venha a ser desenvolvida com seriedade, respeito e compromisso em pacientes que estejam na condição de indivíduos psiquiátricos e surdos, para que o desrespeito cesse e se possa ter uma saúde de qualidade, integral, promovida com equidade e que, principalmente, seja universal.