Última alteração: 2018-10-10
Resumo
Introdução: A linguagem é extremamente importante para a adequação das características e demandas de uma sociedade, visto que ela representa uma forma criada pelo ser humano frente às necessidades individuais e coletivas ao longo dos séculos. Para tanto, o ser humano vem sempre criando novas estratégias de expressão para possibilitar uma comunicação efetiva. Entretanto, vive-se em um momento do qual a comunicação é dominada pela língua oral, a qual coloca o paciente surdo em desvantagem, principalmente no que diz respeito à acessibilidade nos serviços de saúde e no fornecimento da promoção e do autocuidado. No Brasil, definiu-se por lei o acesso a saúde e educação para todos os indivíduos surdos através do estatuto da pessoa com deficiência (2015). Logo, para tal concordância de finalidade é imprescindível a alfabetização e letramento, como direito de inclusão de todos os indivíduos que necessitam de uma outra forma de comunicação que não seja a língua oral. Dessa forma, a LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais decretada em 2005, é estruturada como uma ferramenta para abarcar uma melhor condição de vida, a qual representa um forte fator determinante para a promoção da saúde e sua própria autogestão através do conhecimento do processo saúde/doença. Objetivo: O presente ensaio visa demonstrar a relevância da LIBRAS sobre a oferta qualitativa de saúde aos pacientes surdos, a fim de estimar a descrição da comunicação entre os profissionais com o paciente surdo, a repercussão desta sobre o aprendizado em saúde e a posteriori construção no autocuidado individual e coletivo, referente à promoção de saúde pelos serviços ofertados em âmbito público. Não obstante, tem-se como finalidade realizar uma observação dos efeitos dessa assistência prestada se é realmente efetivada na prática sobre a repercussão das necessidades desses indivíduos, e ainda propondo se a condição de acessibilidade prevista por lei está sendo transcendida e não verdadeiramente aplicada de forma integral. Metodologia: O método de pesquisa se baseia na revisão bibliográfica dos acervos encontrados na base de dados Scielo sobre o assunto, do qual retirou-se como base três estudos referentes ao atendimento nos serviços de saúde ao paciente surdo quanto a relação médico e paciente, e ainda a comunicação como base de uma assistência eficaz. Resultados e discussão: A ineficaz e deficiente comunicação entre os profissionais de saúde, e até mesmo a ausência, proporciona uma menor frequência no sistema de saúde e maiores desfechos clínicos indesejáveis. Logo, é possível identificar a transcendência na expressão de expectativas, padrões e preocupações referentes a percepção de saúde do paciente surdo, e ainda as presentes dificuldades encontradas no entendimento dos termos técnicos utilizados corriqueiramente pelos profissionais. Nesse contexto, acabam por procurar os serviços mais tardiamente pela sensação de desvalorização pessoal frente às peculiaridades não verbais os quais se encontram, tendo acontecimentos mais graves em saúde. Conclusão: Em suma, percebe-se que, por vezes, a incapacidade de promover o diálogo, a interação e o vínculo necessários durante a comunicação de profissionais da área da saúde e pacientes surdos, representa uma falha no planejamento de ações voltadas às necessidades deste grupo de pessoas. Há de se buscar a valorização do conhecimento sobre a LIBRAS almejando, serem tecidas, práticas nos serviços de saúde públicos e privados, a fim de abordar orientações de prevenção, de tratamento e de recuperação que poderiam ser fornecidas para uma melhor educação de autogestão individual e coletiva, além de proporcionar qualidade de vida desta parcela populacional.