Sistema Eletrónico de Administração de Conferências, VOL III (2018)

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QUESTÃO DE GÊNERO, ARTES E SOCIEDADE: um olhar pedagógico
Renan Lucas Vieira dos Santos, Larissa Abranches Arthidoro Coelho Rocha

Última alteração: 2018-10-21

Resumo


Renan Lucas Vieira dos Santos

Larissa Abranches Arthidoro Coelho Rocha

 

Ante as diversas transformações sociais ocorridas em nossa sociedade, é fundamental que a escola caminhe junto a tais modificações. Nesse sentido, torna-se pertinente utilizar os meios educacionais para identificar, analisar e conceituar a gênese social de diversos parâmetros. Vislumbrando tais adventos, a questão de gênero tem surtido diversos efeitos e é tida como uma grande mudança social contemporânea. É devido a tal fato que o assunto carece estudo direto à luz das pedagogias contemporâneas para formar cidadãos capacitados e aptos e conviver harmonicamente em sociedade. A questão de gênero esteve presente ao longo do documento da BNCC até sua terceira versão, quando foi removida em sua consolidação, representando grande perda no trato do tema a luzes pedagógicas e sociais (COELHO, SANTOS, 2017). Assim, através da metodologia de análise documental, este estudo objetiva explanar acerca da questão de gênero e das propostas pedagógicas para o trato de tal na disciplina de Artes através das orientações pedagógicas trazidas pela BNCC. Por conseguinte, apresenta-se uma explanação acerca dos esperados impactos sociais após a abordagem da temática em sala de aula. Ao tratar-se a questão de gênero, deve-se perceber a diferença entre as terminologias “ideologia” e “ questão”: a primeira abarca a conceituação com expressões de opiniões próprias, enquanto a segunda apenas ocupa-se da conceituação, sem subjetividade. Auad (2006) compreende que a questão de gênero está diretamente ligada a concepções históricas e que as definições de gênero variam de acordo com vertentes socio-culturais. De acordo com Santos e Arthidoro (2018), a disciplina de Artes é fator que colabora diretamente para uma melhor compreensão da criticidade em consonância com os panoramas que cercam o indivíduo. Os autores postulam as benesses que a BNCC traz no conteúdo de Artes, entretanto, a mesma necessita estar aliada a uma prática docente efetiva. No tocante à questão de gênero, a disciplina de Artes propunha que a discussão deveria tratar de questões de gênero e corpo nos anos iniciais, enquanto, nos anos nos finais, atribui a temática à dança, referenciando a problematização das questões de gênero e sexualidade, aportadas pelas representações corporais. Os elementos supracitados seriam trabalhados no conceito de interdisciplinaridade, comungados com as disciplinas de História e Ciências, onde a primeira abordaria as concepções históricas acerca dos movimentos que cercam a temática, enquanto a segunda tangeria as concepções que evidenciassem as “múltiplas dimensões da sexualidade humana e a necessidade de respeitar, valorizar e acolher a diversidade de indivíduos, sem preconceitos baseados nas diferenças de sexo, de identidade de gênero e de orientação sexual” (MEC, 2017, p. 301). A partir das ponderações, é possível perceber a riqueza e a não-subjetividade presentes no trato da disciplina em sala de aula, apontando apenas fatores necessários à compreensão das diferenças e ao respeito entre os indivíduos. Ao analisar o documento, é possível perceber a progressão parcial na temática do assunto ao longo do aumento do nível escolar, o que implica diretamente maiores maturidade e conhecimento para relacionar os conceitos aprendidos. Dessa forma, a abordagem do tema implicaria numa compreensão ampla e imparcial acerca do objeto de estudo, corroborando para uma formação social de respeito e cooperações mútuas. A partir do exposto, pode-se concluir que a exclusão da questão de gênero da BNCC representa, além de um retrocesso cultural na educação, um afastamento dos currículos escolares das tônicas sociais contemporâneas, o que contraria os preceitos pedagógicos aqui defendidos. Carece, portanto, uma revisão, além de manifestações de comunidades científicas e culturais, das decisões da temática, apelando fortemente para que a temática seja abordada. Desmistificada as contravenções acerca do trato da questão de gênero, a mesma poderá ser tratada de modo eficiente, abrolhando positivos resultados sociais. Ainda é oportuno pontuar que, para que o tema seja conscientemente abordado em sala de aula e possa atingir os objetivos esperados, seminários e cursos de formação ministrados aos docentes serão oportunos para que estes, além de dominarem as técnicas necessárias, possam garantir a imparcialidade e o trato conveniente de tão importante temática.


Palavras-chave


Questão de gênero; artes; BNCC; sociedade; educação